Estigmatizada para sempre por seu papel em Harry e Sally - Feitos um para o Outro, a loira Meg Ryan desde então se dedicou quase exclusivamente a estrelar apenas comédias românticas açucaradas, sempre como a mocinha inocente ou indefesa que se apaixona pelo galã da vez. Dessa carreira resultaram obras razoáveis como Sintonia de Amor e Kate & Leopold, e porcarias como Mensagem para Você. A Lente do Amor pode não fazer parte dos melhores filmes do conjunto, mas até que não faz feio e se sai relativamente bem, com alguns bons momentos proporcionados por Ryan e pelo resto do elenco.
Quando Linda (Kelly Preston), a namorada do ingênuo astrônomo Sam (Matthew Broderick), abandona-o para viver em Nova York, ele larga tudo em sua cidadezinha natal para reencontrar seu amor e persuadi-la a voltar atrás em sua decisão. Para seu infortúnio e desespero, Sam encontra-a dividindo um apartamento com o francês Anton (Tchéky Karyo). Ele logo dá um jeito de alugar um apartamento abandonado em frente ao ninho de amor dos dois e, disposto a recuperar Linda, passa a vigiá-los de forma quase doentia. É então que sua tocaia recebe a adição de Maggie (Meg Ryan), ex-namorada que quer se vingar do francês a todo custo. O circo está armado, e os dois rejeitados farão de tudo para atingir seus objetivos de amor e vingança.
O desfecho da história não é segredo para ninguém, tão logo os olhares de Ryan e Broderick se cruzam com cumplicidade. Os clichês sucedem-se na tela, enquanto a bizarrice da vigília imprime algo a mais à velha história da descoberta de um novo amor. Meg Ryan inicia o filme de forma extremamente antipática, mas é difícil não se deixar levar por um dos mais meigos sorrisos loiros da recente história do cinema. Assim, os melhores momentos ficam para o par de homens da história. Matthew Broderick nunca esteve tão palerma, o que cai muito bem em seu papel de cachorro sem dono à procura de um osso para roer. E Tchéky Karyo está ótimo como o estrangeiro aproveitador e alérgico a morangos. As partes mais engraçadas do filme acontecem quando os dois estão frente a frente.
Há que se louvar este primeiro trabalho na direção de Griffin Dunne (em cinema, já que ele tinha dirigido antes uma produção para a TV), mais conhecido por suas performances como ator em filmes como Um Lobisomem Americano em Londres, Depois de Horas e Quem É Essa Garota?. Dunne conseguiu driblar com certa competência a maldição do excesso de clichês e contar uma história razoavelmente divertida.
Os extras do DVD resumem-se ao trailer, biografias do elenco e materiais em texto sobre o making-of da produção.
Texto postado por Kollision em 20/Setembro/2004