Na postagem anterior eu comentei sobre a ausência de lixeiras em Maceió. Foi ainda pensando nisso que, alguns dias depois de retornar a Cuiabá, decidi fazer uma experiência para verificar se minha cidade sofria da mesma carência.
Como eu havia deixado o carro na revisão, desci do transporte da empresa na esquina do shopping 3 Américas por volta das 6h30 da tarde. Entrei no shopping, comprei as últimas edições de X-Men Extra, X-Men e Deadpool e desci ao andar de baixo para comer um pão de batata e tomar um café. Terminado o lanche, a dona do café disse-me que não tinha o troco necessário, então peguei um picolé para facilitar sua vida e fui em direção à saída. Ao invés de ligar para minha princesa me buscar veio-me à mente a ideia de caminhar do shopping até a minha casa, já que não fazia algo parecido há tempos.
Não havia se passado nem duas quadras quando terminei de devorar o picolé. Procurei uma lata de lixo por perto e nada, então segui meu caminho. Lembrei-me de Maceió e, pensando com meus botões se demoraria para cruzar com uma lata de lixo, segui adiante no mesmo ritmo, o de quem é acostumado a fazer caminhadas urbanas altamente dinâmicas – mesmo estando munido de sapatos de segurança com biqueira de aço.
Quem conhece Cuiabá fará uma ideia do nível dos bairros por onde passei: Jardim das Américas, Jardim Itália, Alphaville, Carumbé e Morada do Ouro. Onde vocês acham que fui encontrar a primeira lata de lixo para jogar fora um mísero palito de picolé e sua embalagem? Vá ao fim do mapa abaixo e percorram comigo o trajeto que fiz. A estrelinha vermelha indicará onde me desfiz do lixo.
Engana-se quem acha que, naquele ponto, o que encontrei foi uma daquelas lixeiras da prefeitura. O que estava lá era uma lixeira improvisada pelo garapeiro da esquina, que inclusive já não estaria no mesmo lugar no dia seguinte. Fora essa lixeirinha, não havia sequer uma lixeira ao longo dos 7,1 quilômetros que percorri (segundo o Google Maps) durante um tempo aproximado de 1h10min. A lixeirinha estava a 4,2 quilômetros do meu ponto de partida. As lixeiras na área interna do supermercado Comper do Alphaville não contam.
O cidadão é responsável pela preservação do lugar onde vive, e vagabundo que joga lixo na rua deveria ser punido de acordo. Em contrapartida, o que dizer de uma realidade onde o poder público não oferece um mínimo de motivação para que a população se eduque e cresça culturalmente? É tão difícil e caro assim instalar ao menos uma lixeira pequena por quadra em qualquer cidade deste país?
Não há desculpa para o ato de jogar lixo na rua. Tome vergonha na cara se você possui esse péssimo hábito. Se não possui, saiba que você faz parte do meu time: que continuemos dando o bom exemplo juntos.
Texto postado por Edward em 31 de Dezembro de 2012