Mais um post, e eu não faço a mínima idéia do que escrever. Mesmo assim escrevo, na esperança de que eu seja iluminado com algo no meio do caminho. Por que essa ânsia em escrever, esse quase-desespero? Por que continuar colocando textos rasos num site provavelmente pouco visto e aos olhos de muitos uma completa perda de tempo? Por que acreditar que ainda existirão pessoas, por exemplo, capazes de ler essa porcaria até a última linha? Por que continuar, por que perseverar, por que insistir?
Por que insistimos em coisas que às vezes, ao pararmos para uma real reflexão, não nos conduzem a lugar algum? Não que essa porcaria vá me conduzir a lugar nenhum, é só que minha mente está vazia e, mesmo assim, eu insisto em continuar pensando, matutando, raciocinando, escrevendo. É loucura? Burrice? Falta do que fazer? Hummm, aí está uma boa: falta do que fazer. Daí podemos partir para outra indagação: o que eu estaria fazendo se não estivesse aqui, agora, escrevendo este texto? À toa em casa, à toa no cinema, à toa na rua... Estudando, assistindo a um filme, namorando... Mas não, estou escrevendo a porcaria deste texto!
AAAAAAAAAAAAAAAAAHhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
É então que o leitor pensa: "Ô poço de revolta! Hoje o cara está revoltado!"
Não, não há motivo para revolta. Muito pelo contrário. A vida é bela. Foi lançado recentemente um box de DVDs com as primeiras obras de Martin Scorsese, e na semana que vem será a vez da trilogia Star Wars original, que com certeza irá abrilhantar minha estante especial na sala de casa.
É então que o leitor pensa: "Esse cara é doente! Só pensa em filmes, em DVDs! Só sabe falar desta merda!"
Caro leitor, tudo o que posso dizer é que a paixão por alguma coisa deve ser celebrada. Você gosta muito de algo? Você tem um hobby que te agrada sobremaneira, sobre o qual você pode passar horas e horas debruçado, conversando, discutindo, esmiuçando, sem se cansar? Pois então celebre-o! As nossas vidas já são suficientemente cheias de bolsões de tédio e superficialidade! Não se deixem tragar por isso! Não há nada mais deprimente do que viver dia após dia, sem nada ou ninguém em que se apegar, indo e vindo fútil e ordinariamente. Você acredita fervorosamente em algo? Coleciona selos? Seu hobby é cuidar de cães? Guardar fungos? Colecionar discos e CDs? Jogar xadrez? Ler compulsivamente obras literárias desconhecidas do século XVIII? Ótimo! O meu é cinema. Ponto final! E, se serei tachado de doente por cinema, que assim seja.
É então que o leitor pensa: "Mas não tem nada mais que esse nerd pretensioso faça na vida? Que cara folgado!"
Claro que sim! Gosto de assistir Chaves e Chapolim, mas ouvi falar recentemente que o SBT já não está mais passando as séries mexicanas. Pronto, acabou a utilidade da TV aberta brasileira! Seremos todos escravizados por Silvio Santos, Gugu, Faustão, Ratinho, Raul Gil, Luciano Huck, João Cléber, Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, Inri Cristo, etc. Preparem-se para a lenta morte cerebral que infesta nossas vidas, milagrosamente proporcionada pela caixa de 20 polegadas que preenche o vazio em nossas almas de forma tão reconfortante!
É então que o leitor pensa: "Pronto! Agora o cara vai criticar todos os meus programas e artistas preferidos!".
Quanto a isso, caro leitor, não tenho comentários.
É então que o leitor pensa: "OK, e agora?"
E agora, já que finalmente matei minha vontade de escrever, posso voltar à minha rotina diária. Trabalhar, tomar café, olhar a programação de cinema do Três Américas, olhar e-mails, jogar boliche, ouvir boa música, jogar Need for Speed Underground, jogar Marvel vs. Capcom (Morrigan, o Gambit vai te pegar!), postar mensagens no fórum do AC, estudar JavaScript, conversar com os amigos (ao vivo ou pela Internet), sair do lugar na leitura da autobiografia do Chaplin, sair para tomar uma tulipa de vez em quando, dar uma de besta de vez em quando, buscar seguir minha Lenda Pessoal (sim, eu li O Alquimista, e daí?) e, enfim, perder-me em mais pensamentos.
É então que o leitor pensa: "Tá, e eu com isso?"
Porque são essas e outras coisas, caro leitor, que fazem este site seguir em frente.
Texto postado por Kollision em 13/Setembro/2004