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A Epopéia de Melvin "Que Orelha"

Alguém aí curte jogar vídeo-game? E tem um PS2 (Playstation 2) com um controle extra dando sopa? É que o meu segundo controle não está funcionando, e não dá para jogar os jogos de briga. Assim não posso descarregar a tensão espancando os colegas virtualmente. Tive que achar um outro meio de fazer isso...

Para descarregar a tensão, uma coisa que sempre faço é ouvir no talo algumas pérolas pesadas do Faith No More: Jizzlobber, Cuckoo for Caca, Ugly in the Morning, Digging the Grave, Collision (claro!), Naked in front of the Computer, etc. Outra é jogar boliche, mas o pessoal chegado está meio desanimado para isso ultimamente. E jogar sozinho não é lá grande coisa! Assistir a algum filme tenebroso está fora de cogitação, por causa da hora (agora são exatamente 10h55, terça-feira, 18 de agosto). Apesar de isto aqui ser um site esculachado, eu tenho que trabalhar para sustentá-lo. E sustentar minha equipe: Lindinha, o revisor de texto e as ratazanas que de vez em quando cruzam a sala.

Falando nisso, estive pensando em ter um novo rato como bicho de estimação em casa. Já tive um topolino, batizado Melvin "Que Orelha" (em homenagem ao personagem de Jack Nicholson no filme Melhor É Impossível). Ele logo recebeu a companhia de Carol (claro, Helen Hunt no mesmo filme). E depois vieram os filhotes. Muitos, muitos mesmo. Comprei mais gaiolas, transformei um quarto da casa numa Ratolândia e cada vez mais Melvin foi ficando domesticado (a Carol sempre foi rebelde). Depois de algum tempo, Melvin subia na minha mão só de eu chamar, andava sobre meus ombros e, bem, fazia de tudo. Perdi as contas de quantas vezes ele escapou da gaiola. Quando eu chegava em casa, passava até duas horas procurando o safado no quarto, para achá-lo quase sempre escondido bem no topo da cortina.

Mas por que Melvin não está mais comigo? Bem, nem tudo foram rosas e champagne em nossa convivência. O problema começou mesmo quando vieram os filhos de Melvin e Carol. Quando cresciam juntos na mesma gaiola, e atingiam a idade de virarem ratinhos e ratinhas adultos, os danados começavam a correr atrás um do outro, brigar e meter os dentes em quem quer que chegasse perto. Eu tentava separar, e sempre sobrava para o meu dedo enfiado nas gaiolas da Ratolândia. A gota d'água foi quando um dos filhos do casal 20 amanheceu morto, matado (é matado mesmo!) pelos seus próprios irmãos!

Depois do funeral, eu fiquei cada vez mais revoltado com as brigas dos irmãos ciumentos. E, acreditem, a progressão em que Melvin e Carol procriavam era geométrica. Vendi ratinhos para a Pet Shop, dei ratos, quase soltei alguns no terreno baldio aqui perto, onde a Lindinha andou pegando aquelas buchas fedorentas dela.

Um dia, minha prima viu os ratos e se apaixonou. E não teve jeito, mesmo com muita dor no coração, tive que me despedir de Melvin "Que Orelha". Pesei os prós e os contras, o quanto eu estava triste com os filhos de Melvin, e o trabalho que dava para manter a Ratolândia limpa. Claro que eu me certifiquei de que ele teria as melhores acomodações possíveis em seu novo lar. E lá se foi meu companheiro malhado em uma nova aventura, sob a tutela da minha prima. A última notícia que tive dele? Tudo o que fiquei sabendo foi que, certo dia, a gaiola amanheceu com um buraco. Melvin havia roído o seu caminho para a liberdade, e nunca mais foi avistado por olhos humanos novamente. Prefiro acreditar que ele partiu para novas emoções, deleitando-se com o milharal seco e os condimentos das despensas próximas, enquanto se lembrava do quanto se divertiu correndo na rodinha de sua gaiola original. Nenhum gato enxerido seria capaz de pegá-lo, pois ele era um rato muito esperto.

Por isso, depois de ter assistido a A Vingança de Willard, ver um especial sobre ratazanas no Animal Planet e presenciar alguns ratos brancos contracenando com o imbecil do Tom Green em Caindo na Estrada agora há pouco, na Fox, comecei a pensar seriamente em adotar um novo companheirinho peludo.

A Lindinha vai amar, tenho certeza! E, se vocês quiserem, eu posso publicar uma foto dele aqui!

Texto postado por Kollision em 18/Agosto/2004