Recentemente, lendo o blog de uma amiga virtual, deparei-me com uma música do Oasis chamada Don't Go Away. Por coincidência, uma das que mais gosto da banda. Quando cheguei em casa, à noite, fui ao quarto para pegar o CD Definitely Maybe (o primeiro deles) e ouvir a música Slide Away, outra preferida, que estava martelando em minha cabeça durante todo o dia. Pois bem, em meio à bagunça de meu armário (ainda vou conseguir um armário exclusivo para eles, assim como fiz para os DVDs), passei cerca de meia hora procurando e nada. Já estava me descabelando todo, quando lembrei que tinha emprestado o álbum para minhas amigas do apartamento ao lado. O que fiz? Fui lá e pedi o CD de volta para ouví-lo, por puro desejo musical.
Posso citar outras músicas que não ouço há bastante tempo, e que gostaria de ouvir novamente. Moonlight Shadow (Maggie Reilly), Stripsearch (Faith No More), Policy of Truth (Depeche Mode), It had to Be You (Harry Connick Jr.), Runaround (Blues Traveler), Sad Eyes (Bruce Springsteen), Name (Goo Goo Dolls), Girl (Frente), Ich bin von Kopf bis Fuß auf Liebe eingestellt (Marlene Dietrich), Pride (U2), Santeria (Sublime), All Mine (Portishead), Johnny Be Goode (Chuck Berry)... E por aí vai a lista. Se eu tiver o CD, terei que vasculhar novamente o armário todo desarrumado, torcendo para encontrar logo o que estou procurando. Ou terei que tentar encontrar na internet.
Certas canções são tão inspiradoras que merecem estar sempre em qualquer lista de melhores, além de serem um refúgio em momentos de falta de ânimo. Com a correria do dia-a-dia, fica difícil às vezes parar por alguns instantes e apenas sentar-se e ouvir uma bela música. As pessoas trabalham o dia inteiro e chegam em casa cansadas. Alguns afundam as bundas nos sofás para a dose diária de emburrecimento televisivo, outros ainda estudam à noite e outros simplesmente ficam sem fazer nada, atormentando conhecidos e vizinhos. Por quê, afinal? Estive pensando nisso enquanto tomava um suco de uva durante o fim de semana (não era cerveja, como um certo Jim Smith fazia para divagar, mas está valendo)...
Era tudo tão mais fácil quando eu era adolescente, estava na faculdade e não tinha preocupações profissionais (é claro que elas estavam lá, mas a serviço do curso que eu fazia). Tinha tempo para ouvir música, fazer nada e relaxar. Coisas que, hoje em dia, estão cada vez mais distantes. A situação é ainda pior se você se distancia dos amigos que viviam no mesmo mundo que você, que discutiam música, cinema, literatura, com o entusiasmo característico da adolescência. O problema é que, ao entrar definitivamente na vida adulta, todas essas coisas que estão em nossas vidas e às quais não damos muito valor começam a ir para o saco. Os amigos debandam, mudam de cidade, morrem, transformam-se. E você se vê subitamente imerso num mundo onde as coisas simples estão gradativamente cedendo lugar às preocupações profissionais e financeiras e à responsabilidade exacerbada. Mal dá tempo para você parar um pouco tudo o que está fazendo e procurar aquela velha música que te dava tanto ânimo enquanto estava na escola ou na faculdade. E, quando você finalmente pode fazer isso, está cercado de pessoas que o criticam, e que em nada podem acrescentar numa simples conversa sobre o assunto.
"Nossa, que cara revoltado!", o leitor deve estar pensando. E estou um pouco mesmo. Ultimamente, tenho ouvido muita barbaridade. Gente que acha o "cinéfilo" (aquele que sabe os nomes dos diretores e compositores de filmes de cabeça e chega a ver mais de um filme por dia) uma pessoa anormal e doente. Gente que não sabe ou nem quer saber quem é Oasis, Chuck Berry ou Marlene Dietrich, mas fica o dia inteiro ouvindo Stillus Pop Som (por favor, quem não conhece, não queira saber o que é), Zezé di Camargo & Luciano e Bonde do Tigrão...
Nos últimos dias tenho tentado me distanciar da sensação de entorpecimento. Senti até que poderia estar precisando de umas férias, mas férias só poderei tirar em Outubro... Tudo bem. A vida tem mesmo seus altos e baixos, e acho que eu só andei tendo azar em minhas últimas conversas.
Se essa minha divagação trará conseqüências a este site? Com certeza. Podem esperar.
Texto postado por Kollision em 28/Julho/2004