Cinema

O Mágico de Oz

O Mágico de Oz
Título original: The Wizard of Oz
Ano: 1939
País: Estados Unidos
Duração: 102 min.
Gênero: Musical
Diretor: Victor Fleming (E o Vento Levou, O Médico e o Monstro [1941], Almas Boêmias)
Trilha Sonora: Harold Arlen
Elenco: Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger, Bert Lahr, Jack Haley, Billie Burke, Margaret Hamilton, Charley Grapewin, Pat Walshe, Clara Blandick
Distribuidora do DVD: Warner
Avaliação: 9

Quase uma instituição dentro da literatura infanto-juvenil e também do cinema, a fantástica história concebida por L. Frank Baum aportara na sétima arte como a resposta da MGM para o sucesso estrondoso de Walt Disney feito dois anos antes, Branca de Neve e os Sete Anões. Fábula extravagante e encantadora, que resistiu muito bem ao tempo e se manteve superior a muitas das inúmeras fantasias que se seguiram após ela, O Mágico de Oz foi uma superprodução de realização um pouco difícil, que no entanto estabeleceu um padrão invejável ao gênero musical e de fantasia durante os primeiros passos do cinema em cores, e isso não muito após o advento maciço do som.

Mesmo os mais desatentos e iletrados conhecem a história da sonhadora Dorothy (Judy Garland). Durante um vendaval na região rural onde vive, a menina acaba sendo arrastada com seu cachorrinho para um mundo mágico. Lá eles se encontram com outras três almas perdidas, um espantalho (Ray Bolger) que deseja ter um cérebro, um homem de lata (Jack Haley) que anseia por possuir um coração e um leão covarde (Bert Lahr) que almeja conseguir a coragem que tanto lhe faz falta. Juntos eles percorrem o caminho de tijolos dourados até a fortaleza do poderoso mágico de Oz (Frank Morgan) que, diz-se, pode conceder a todos seus maiores desejos e mandar Dorothy de volta à sua fazenda no Kansas. Mas a ameaça da malvada bruxa do oriente (Margaret Hamilton) pode fazer com que a jornada do grupo não seja bem um passeio no bosque.

A força do filme, exacerbada pela impressionante fusão de cores vista no mundo de Oz, reside na sólida caracterização de seus personagens principais e numa combinação extremamente feliz de design de produção e canções em sua maioria agradáveis. Tirando o jingle um pouco irritante que Dorothy e seus amigos esquisitos entoam a cada corte de seqüência durante a viagem pela estrada de tijolos amarelos, praticamente todas as músicas são um primor, sendo Over the Rainbow hoje reconhecida como uma das maiores canções do cinema de todos os tempos. E pensar que ela quase foi cortada durante o processo de edição...

Com cinco diretores diferentes que passaram pela produção (King Vidor foi o mais ativo deles depois de Fleming, que debandou assim que foi chamado para comandar as filmagens de outro clássico realizado no mesmo ano, E o Vento Levou) e após inúmeras versões do roteiro, é quase um milagre que O Mágico de Oz tenha se saído tão bem, artisticamente falando. Colabora para isso a história suavizada para o meio cinematográfico, já que no texto original, por exemplo, o homem de lata corta cabeças com seu machado e o mágico de Oz chega a ordenar a Dorothy e seus amigos que matem a bruxa malvada. Assim, a versão que foi mais difundida a partir de então foi a cinematográfica, com todos os méritos possíveis junto à criançada. Impressionam também os efeitos especiais do tornado que leva a casa da garota para o mundo de Oz, e o instante em que o tom sépia da fotografia monocromática dá lugar ao Technicolor berrante, durante a primeira cena no mundo mágico, é simplesmente um dos maiores momentos de toda a história do cinema.

Apesar da qualidade técnica impecável, o filme é impregnado por uma inocência que hoje seria vista como excessiva, até mesmo piegas. O melhor mesmo é conhecer esta obra tendo em mente o que uma das linhas de divulgação que li em algum lugar diz: que este é um filme para os eternos jovens de espírito. Os altos e baixos da saga onírica de Dorothy são devidamente compensados por um final poético que tenta demonstrar que a realização de nossos sonhos e, por conseguinte, a felicidade, podem estar bem mais próximos do que imaginamos. Judy Garland está ótima como Dorothy, embora seu corpo já adolescente denuncie que ela já passara da idade de ser uma garotinha inocente apegada a seu cãozinho. Dos três 'mosqueteiros' da moçoila, o mais engraçado é o leão covarde feito por Bert Lahr, o grande responsável pela maior parte das gargalhadas. Frank Morgan interpreta na realidade quatro outros papéis além do mágico de Oz, e isso é claramente perceptível ao longo da película.

A versão simples do DVD lançado pela Warner traz o filme restaurado, mas infelizmente não há nenhum extra acompanhando o disco.

Texto postado por Kollision em 23/Março/2005