Este filme pode figurar com tranqüilidade do rol das coisas mais bizarras já feitas na história do cinema. O mais curioso é que a bizarrice de Los Vampiros de Coyoacan não se limita apenas a si próprio, já que seu astro Mil Máscaras estrelou várias outras produções no mesmo estilo durante as décadas de 60 e 70 e, para o espanto de muitos, possui um fiel grupo de fãs que acompanham e idolatram sua carreira até os dias de hoje. Mesmo que, para os padrões atuais, a combinação de terror com luta livre seja um absurdo inimaginável, do tipo "só vendo para crer". Acreditem, isso chegou a ser um gênero de filme absurdamente popular no México dos anos 50 aos 70, particularmente com o sucesso ainda maior de outros lutadores, como o Santo e um tal de Blue Demon.
Logo depois de vencerem mais um árduo combate no ringue de luta livre, os defensores da justiça Mil Máscaras (codinome do lutador Aaron Rodríguez) e Superzan (nome de guerra de Giovanni Lanuza) são empurrados para uma investigação sobrenatural quando vão em busca do auxílio do doutor Thomas (Carlos López Moctezuma) para esclarecer a trágica morte de outro lutador. Vitimada por uma doença estranha, a saúde da bela filha do doutor (Sasha Montenegro) é acompanhada de perto pelo dr. Wells (Germán Robles), que conclui que a única explicação para o caso é que há um vampiro à solta. O principal suspeito é um tal de barão Bradok (Mario Cid), amigo da família que mudou-se recentemente para uma propriedade em Coyoacan, diretamente da Transilvânia. Um desafio das trevas para os heróis mascarados, que se unem ao dr. Wells para enfrentar as forças do além de Bradok.
O desavisado que encarar uma sessão desta baboseira sem saber do que ela se trata será posto à prova por uma seqüência de nada menos que 20 minutos de luta livre, antes que qualquer outra coisa da história seja mostrada. Trata-se da gloriosa introdução aos heróis mascarados que lutam pela justiça, dois bombados que desfilam para lá e para cá nos mesmos moldes dos infames Batman e Robin de Adam West e Burt Ward, que na época já eram sensação há anos no mundo todo. A diferença fica por conta dos uniformes, que os caras não tiram nunca, e das máscaras que à primeira vista dão ao longa uma cara de pastiche sadomasô-brega.
A verdade é que colocar o filme na categoria "horror" não é justo. É certo que, no estado de espírito correto, é possível dar umas boas gargalhadas durante a sessão. As causas disso podem ser muitas, como os (d)efeitos especiais dos ataques dos morcegos, a maquiagem e as transformações do vampirão-mor (que se inspiram nas transições do lobisomem popularizado por Lon Chaney Jr.) ou os anões vampiros que guincham como morcegos de verdade e, vira e mexe, aparecem para abocanhar as batatas dos heróis mascarados. Volto a dizer, é preciso ver para crer... O roteiro inepto é um anti-espetáculo à parte, com personagens como El Espectro, um assassino de lutadores que é ao mesmo tempo capanga do vampiro, e passagens de verdadeira inspiração asinina onde, por exemplo, o super-herói larga um civil no covil dos monstros para ir andando chamar a polícia. É como diria Burt Ward para seu chapa fantasiado --- "Santa podreira, Batman!"
O DVD vem com áudio somente em espanhol, sem legendas. Além do filme, o único conteúdo adicional do disco é uma rápida galeria de fotos animada.
Texto postado por Kollision em 28/Julho/2006