Cinema

Teatro da Morte

Teatro da Morte
Título original: Theatre of Blood
Ano: 1973
País: Estados Unidos
Duração: 104 min.
Gênero: Terror
Diretor: Douglas Hickox
Trilha Sonora: Michael J. Lewis
Elenco: Vincent Price, Ian Hendry, Diana Rigg, Harry Andrews, Coral Browne, Robert Coote, Jack Hawkins, Michael Hordern, Arthur Lowe, Robert Morley, Dennis Price, Milo O'Shea, Eric Sykes, Madeline Smith, Diana Dors, Joan Hickson, Renée Asherson
Distribuidora do DVD: London Films
Avaliação: 8

Comumente subestimada, muitos cometem o erro de acreditar que esta não passa de mais uma produção mediana de baixo orçamento com um dos temas mais batidos do mundo, algo que imediatamente remete à idéia tão sólida e enraizada associada à história do fantasma da ópera. Ledo, ledo engano. Incrivelmente atual após mais de 30 anos de lançamento, Teatro da Morte é definitivamente um dos grandes filmes de horror da década de 70, e um dos marcos da carreira do grande Vincent Price. Não é à toa que o próprio considerava o filme seu favorito entre todos os que realizou durante a carreira.

Price é Edward Lionheart, ator de teatro cuja única intenção na vida sempre foi personificar criações de Shakespeare. Dado como morto por suicídio, ele ressurge das cinzas para aplicar sua vingança ao grupo de críticos responsáveis pela sua derrocada e vergonha diante da comunidade artística. Um a um, todos se tornam vítimas cujas mortes espelham os momentos mais macabros da última lista de peças encenada pelo grande Lionheart.

Se há alguém na comunidade cinéfila que ainda duvida da capacidade de Vincent Price como ator, essa pessoa deve assistir a esse filme imediatamente. No auge de sua carreira como astro do cinema de horror (ele acabara de realizar os filmes da série do dr. Phibes nos anos anteriores), Price torna-se um camaleão a serviço de algumas das mais criativas seqüências de assassinato premeditado já filmadas. Coitado de Milo O'Shea, como o inspetor de polícia encarregado de capturá-lo... A mistura de escatologia e humor é um dos trunfos que fazem o deleite de qualquer platéia, como demonstra a hilária cena da decepação em meio a picadas de injeções hipodérmicas. Ou Price entrando na pele de um cabeleireiro que provavelmente serviu de inspiração ao penteado de Cauby Peixoto. A primeira morte é retratada com um primor macabro que eleva o patamar do filme logo de cara. Nunca uma turba de desabrigados mudos cercando uma autoridade foi tão ameaçadora, com seus semblantes e movimentos muito parecidos com os de mortos-vivos que acabaram de levantar de seu descanso maldito.

É quase impossível não se identificar um pouco com o personagem principal de Teatro da Morte, ou encontrar em seus feitos sanguinários um pouquinho de satisfação remanescente de qualquer coisinha pela qual algum dia tenhamos sido injustamente criticados. Críticos tendem mesmo a serem às vezes algumas das criaturas mais desprezíveis do planeta (depois dos advogados e dos auditores, alguns ousariam ainda dizer). O único ponto fraco de todo o filme fica por conta do final, geralmente a maior arapuca de qualquer obra de horror que discorra sobre um louco e seus feitos assassinos. Pode haver também alguma confusão visual quanto à loira esguia que seduz uma das vítimas, mas nada que comprometa a diversão.

A mirrada seção de extras do DVD vem somente com o trailer original do filme e biografias de Vincent Price e Diana Rigg, a moça que faz o papel da sua filha.

Texto postado por Kollision em 7/Setembro/2005