Visto via Netflix em 7-OUT-2021, Quinta-feira
Grande ganhador do Oscar de longa-metragem de animação de 2003, A Viagem de Chihiro sacramentou a fama do diretor Hayao Miyazaki no ocidente graças a uma história que mistura fantasia e romance num conto que reflete a jornada de crescimento da personagem-título, uma garotinha (voz de Rumi Hiiragi) que se vê perdida num mundo de espíritos quando seus pais acidentalmente se desviam do caminho para a cidade onde a família está se mudando. Com a chegada da noite e os pais transformados em porcos, ela é obrigada a buscar refúgio numa casa de banho especializada em atender espíritos, comandada com mão de ferro por uma bruxa chamada Yubaba (voz de Mari Natsuki). Seu único amigo logo de cara – e também um elo tênue com o mundo lá fora – é um jovem impetuoso chamado Haku (voz de Miyu Irino) que guarda um grande segredo. O filme é visualmente deslumbrante e conta com um design sonoro também fantástico, e se apropria de muitos aspectos da mitologia japonesa para compor o mundo caótico onde se passa a história. Sem jamais ser enfadonho apesar da longa duração, A Viagem de Chihiro é no entanto construído sobre uma base narrativa que transforma tudo numa espécie de sonho ou delírio sem conexão com o mundo real da pré-adolescente que é obrigada a encarar perigos inimagináveis. Em meio a tantas descobertas e reviravoltas, o único ponto que não fica muito claro na história é exatamente a relação que surge entre ela e Haku, que soa truncada pelos mais diversos motivos. Em contrapartida, as figuras das bruxas gigantes e narigudas são um verdadeiro deleite.