Cinema

Razão e Sensibilidade [1995]

Razão e Sensibilidade
Título original: Sense and Sensibility
Ano: 1995
País: Estados Unidos, Inglaterra
Duração: 136 min.
Gênero: Drama
Diretor: Ang Lee (Tempestade de Gelo, Cavalgada com o Diabo, O Tigre e o Dragão)
Trilha Sonora: Patrick Doyle (Amor por Acidente, Hamlet [1996], Grandes Esperanças [1998])
Elenco: Emma Thompson, Kate Winslet, Alan Rickman, Greg Wise, Hugh Grant, Gemma Jones, Emilie François, Elizabeth Spriggs, Harriet Walter, James Fleet, Imogen Stubbs, Robert Hardy, Tom Wilkinson, Ian Brimble, Imelda Staunton, Hugh Laurie, Richard Lumsden
Distribuidora do DVD: Columbia
Avaliação: 8

Por trás do sucesso deste romance água com açúcar carregado até o tutano com a indefectível fleuma inglesa de seu elenco e dirigido por um cineasta chinês que nunca leu o livro original se esconde a grande realização da carreira da atriz Emma Thompson. Afinal, além de ser uma das protagonistas, foi ela quem adaptou para a linguagem cinematográfica o texto de Jane Austen, um romance de época que se passa na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX, belamente fotografado e personificado por um elenco talentosíssimo.

A morte do senhor de uma família representa a ascensão de sua prole masculina, mas significa nada menos que a desgraça financeira para sua atual esposa (Gemma Jones) e suas filhas Elinor (Emma Thompson) e Marianne (Kate Winslet). Praticamente expulsas da casa onde moram devido à ascensão dos meios-irmãos, elas acabam indo parar sob o teto da fofoqueira mas calorosa sra. Jennings (Elizabeth Spriggs). A súbita pobreza e a ausência de qualquer dote não impede que as moças sejam cortejadas pelos galãs da região: um aristocrata aspirando a pároco (Hugh Grant), um nobre metido a intelectual (Greg Wise) e um coronel amargurado (Alan Rickman). A felicidade das irmãs é posta à prova à medida que as regras sociais, as intrigas familiares e as armadilhas do destino interferem em suas vidas cada vez mais tumultuadas por paixões quase impossíveis.

As características mais acentuadas da literatura de Jane Austen transparecem no filme de Ang Lee através das personagens femininas, sempre bastante caracterizadas e marcantes. Há, sim, uma aproximação comportamental de cada uma das irmãs em relação ao título do filme: Elinor é a razão, e Marianne a sensibilidade (ou emoção), muito embora a personagem de Marianne só seja sensível de fato aos seus próprios caprichos, aprendendo a duras penas que a felicidade pode estar mais próxima do que ela imagina. Kate Winslet está bela como sempre, e nesse quesito praticamente ofusca a parceira de cena Emma Thompson, ao passo que as duas se equivalem em sua performance dramática. Num universo onde a figura feminina às vezes não passa de objeto de uma sempre contida e cavalheiresca afeição masculina, as duas equivalem a heroínas que nadam contra as convenções ao se agarrarem à esperança de conciliarem o amor verdadeiro com a realização matrimonial.

Mesmo que a visão da história seja excessivamente feminina para alguns, o que em certos momentos dá à obra um aspecto irremediavelmente mundano, sua execução é irretocável, mais ou menos como a índole de todos os personagens. Afinal, o que há de nobre e galante na tocante interpretação de Alan Rickman existe de ameaçador na figura entusiasmada e perfeita demais de Greg Wise. E como o roteiro há de mostrar, até mesmo o menos nobre deles é capaz de ostentar com certa leveza as diferentes facetas do medo e da perda, aliados a um senso de honra que não permite condená-lo de todo. Sendo o cerne de tudo o romance, e a eterna esperança de que junto com o desfecho venha um final feliz, o espetáculo em Razão e Sensibilidade é praticamente garantido.

O DVD vem com duas faixas de comentários, uma conduzida por Emma Thompson e outra por Ang Lee. Há ainda o discurso que Thompson deu ao ganhar o prêmio de melhor roteiro no Golden Globe Awards, duas cenas excluídas e o trailer do filme, além dos trailers de Muito Barulho por Nada, Retorno a Howards End e Vestígios do Dia.

Texto postado por Kollision em 6/Abril/2006