Também conhecido pelo título ocidental (Blood and Black Lace), este filme foi o grande responsável por converter o sub-gênero do suspense informalmente chamado de whodunnit em propriedade criativa dos diretores italianos, a partir de então sob o nome de giallo. É o primeiro do estilo, dizem os entendidos. E, exatamente por isso, consiste na grande e maior influência sobre o trabalho de diretores como Dario Argento, discípulo declarado de Mario Bava. Com sua trama detetivesca, Seis Mulheres para o Assassino inaugurou a onda dos filmes de contagem de corpos ("Seis Mulheres para o Assassino" é a tradução literal do título original). A campanha de divulgação também mostrou-se inovadora, pois a obra continha, de acordo com o cartaz, 8 dos maiores sustos já filmados na história do cinema...
À noite, nos jardins de um famoso ateliê de moda gerenciado por uma bela condessa (Eva Bartok), um assassino encapuzado faz de vítima uma das moças que lá trabalham. Logo tem início a investigação da polícia, que não tarda a deixar todo mundo que tinha alguma relação com a moça assassinada com uma pulga atrás da orelha. Principalmente após a descoberta de um diário secreto que a vítima mantinha, pelo jeito recheado de indiscrições e podres de praticamente todos que conviviam com ela. O desespero em obter o diário é o que força o misterioso assassino a continuar matando as moças do ateliê uma a uma, sempre com requintes de sadismo e extrema crueldade.
Há grandes contrastes neste tal primeiro giallo, que é também um dos primeiros suspenses filmados em cores. Basicamente, é possível resumi-los em Técnica × Roteiro. Enquanto Mario Bava esbanja estilo em tomadas cheias de personalidade e fabulosas seqüências de mise-en-scene, muito pouca coisa se sobressai na história boba e mal contada. Nenhum personagem é desenvolvido a contento, e é até mesmo difícil se lembrar deles depois que o filme acaba. Numa olhada geral, praticamente todo o elenco masculino de suspeitos é desinteressante.
Precisamente por essa grande distância entre história e desenvoltura técnica, o filme é daqueles que geralmente sobem no conceito após uma eventual revisão, seja porque a história já é conhecida e é possível se concentrar ainda mais na beleza da cinematografia e da técnica, ou porque fica mais fácil acompanhar as idas e vindas dos suspeitos de serem o assassino de mulheres. Os grandes momentos são obviamente as mortes, além da seqüência de introdução ao ateliê, com a placa caindo e pendendo enquanto a câmera avança sobre uma fonte, e o travelling que apresenta as modelos pela primeira vez dentro do casarão. Além de ser referido geralmente como um diretor subestimado, Mario Bava era conhecido por operar a câmera ele mesmo, fazer os efeitos especiais, a maquiagem e a própria iluminação em seus sets. Fica claro em Seis Mulheres para o Assassino que Bava foi um cineasta completo e bastante eficiente na tarefa de converter budgets limitados em criatividade cênica. Mas é verdadeiramente uma pena que o filme careça de força narrativa.
Na edição dupla da VCI Entertainment, o filme vem com áudio original em italiano, dublagens em francês e inglês e legendas em inglês e espanhol. O primeiro disco traz como extras uma valiosa faixa de comentários de Tim Lucas (jornalista americano que escreveu um livro sobre a obra de Mario Bava), biografias do diretor e de Cameron Mitchell, Eva Bartok, Luciano Pagozzi, Mary Arden e Tim Lucas, o trailer americano do filme e ainda os trailers de The City of the Dead, Ruby, Horrors of the Black Museum e O Pássaro das Plumas de Cristal. O segundo disco tem entrevistas atuais com Cameron Mitchell e Mary Arden, as versões americana e francesa para os créditos de abertura do filme, uma galeria de fotos animada, 4 faixas separadas da trilha sonora de Carlo Rustichelli, 25 minutos de comparações entre as cenas de assassinato das várias versões européias e americanas do longa, 3 trailers do filme e os trailers de A Vingança dos Vikings e The Whip and the Body.
Visto em DVD em 12-NOV-2006, Domingo - Texto postado por Kollision em 16-NOV-2006