Em algum ponto depois de protagonizar o sucesso De Volta para o Futuro e antes de realizar as suas continuações, Michael J. Fox estrelou esta comédia que tem a sua cara. Espécie de realização do ideal yuppie carregada de risadas, romance e troca de identidades, o filme consegue ser divertido sem se amparar exclusivamente no desempenho do astro.
Fox é o pacato, provinciano e ambicioso Brantley Foster. Recém-formado e ansioso para iniciar uma carreira executiva em Nova York, ele contraria o desejo dos pais e parte para sua nova e excitante vida. Nem tudo sai como planejado, e ele logo se vê forçado a pedir um emprego ao seu desconhecido tio Prescott (Richard Jordan), passando a trabalhar no departamento de correspondência de sua grande companhia. É questão de tempo até que Brantley acabe se encontrando com a única executiva da equipe do tio, a bela Christy (Helen Slater), e apaixonando-se de imediato pela moça. Ao mesmo tempo, o rapaz acaba caindo nas garras de sua histérica, carente e ninfomaníaca tia Vera (Margaret Whitton). Disposto a mudar de posição a qualquer custo, Brantley apossa-se de um escritório vazio no gigantesco prédio do tio, assume a identidade fictícia de um executivo, passa a participar das reuniões dos diretores e literalmente faz de tudo para manter sua farsa.
A intenção do diretor era colocar na tela o fascínio do personagem de Fox pela metrópole, sua vida e diversidade cultural, sua arquitetura e seu mundo corporativo. E é esse fascínio que o norteia durante todo o filme, justificando os inúmeros absurdos que ele suporta e pelos quais o rapaz passa, tudo em nome do sucesso tão almejado. O passado relacionado ao teatro e a musicais do diretor Herbert Ross reflete-se nas seqüências acompanhadas por canções, que dão ao filme seu aspecto leve e enaltecedor, típico do sonho de sucesso da juventude. Algumas músicas interferem demais, mas em sua maioria funcionam. A trilha de David Foster escorrega um pouco nas cenas românticas, acompanhando a câmera de Ross em excessos desnecessariamente piegas. Nada que comprometa o resultado, no entanto.
O elenco coadjuvante está ótimo, em especial Margaret Whitton como a tia Vera. A seqüência de ataque dela ao sobrinho na piscina é hilária, acentuada pelo som da trilha de Tubarão. A bela Helen Slater, que estreara no cinema pagando mico em Supergirl (1984), é visivelmente mais alta que o astro do filme, o que torna a conquista amorosa do jovem ambicioso ainda mais marcante (e utópica). Uma pena que ela tenha desaparecido das telas, enquanto seu irmão problemático (Christian Slater) continuou a protagonizar alguns filmes aqui e ali.
Um breve texto sobre a produção, biografias do diretor e do elenco e o trailer do filme preenchem a seção de extras do DVD.
Texto postado por Kollision em 8/Fevereiro/2005