Visto via Tubi TV em 24-JAN-2021, Domingo
De interessante além do título estiloso, Morto de Medo é um filme narrativamente ousado e à frente de seu tempo por trazer um estratagema bastante incomum para sua época: o fato da história ser narrada por um cadáver. No caso, o corpo de uma bela mulher (Molly Lamont) que acaba de dar entrada no necrotério. Os médicos legistas se questionam o que teria acontecido para ela parar naquele leito gelado, e logo a moça passa a narrar sua história em passagens episódicas. Vivendo às turras com o marido (Roland Varno) e o sogro (George Zucco), ela se sente cada vez mais ameaçada e se fecha num casulo emocional dentro da própria casa. Um policial (Nat Pendleton) empregado pelo sogro permanece fazendo a segurança da propriedade, dividindo-se entre cortejar a governanta (Gladys Blake) e esperar por algum evento de assassinato que lhe dê a chance de recuperar a glória perdida junto à força policial. Eis que chega um primo distante do velho (Bela Lugosi) acompanhado de um anão (Angelo Rossitto), que se instala no lugar enquanto clama pelo pagamento de uma dívida antiga entre os dois, além de um repórter enxerido (Douglas Fowley) disposto a descobrir o que está acontecendo no lugar. A história é uma bagunça praticamente sem sentido, exacerbada pelo roteiro verborrágico e pela caracterização absolutamente anormal da protagonista morta. Coadjuvante de luxo, Lugosi é eclipsado pela peculiar figura do policial, ao mesmo tempo um alívio cômico e o personagem que mais colabora para manter o filme minimamente interessante. A grande curiosidade é que este é o único filme colorido de toda a carreira de Bela Lugosi.