A.K.A. Blood of the Virgins – Parte da primeira e provavelmente mais interessante fase da carreira do cineasta argentino Emilio Vieyra, este filme é considerado o único longa-metragem sobre vampiros já realizado na Argentina. Um contemporâneo de José Mojica Marins, Vieyra mais tarde veria sua carreira enveredar por trabalhos mais convencionais, o que é uma infelicidade, apesar do baixo nível deste filme em particular. De título sugestivo e com um dos mais clássicos pontos de partida dentro do gênero, o que menos há em Sangre de Vírgenes são as virgens propriamente ditas... Alguém esqueceu de aconselhar Vieyra a mudar o nome do filme antes do seu lançamento.
O vampirão (Walter Kliche) que aparece na capa do DVD atende pela simples alcunha de Gustavo. Quando ele vê a namorada Ofélia (Susana Beltrán) ser afastada dele pela família aristocrata dela, que a obriga a casar-se contra sua vontade com o primo, ele dá um jeito de transformá-la numa vampira para que juntos eles possam desfrutar a eternidade. Algum tempo depois, um grupo de jovens retornando das férias em Bariloche fica sem gasolina na região do antigo casarão da família de Ofélia, então tido como terrivelmente assombrado. Sem opção, eles decidem passar a noite na casa. O estranho desaparecimento das três moças do grupo é o indício de que as histórias sobre as assombrações que rondam o lugar podem representar um perigo mais concreto para quem nela se aventurar.
Gustavo, el vampiro – soa bobo, é verdade. O pior de tudo é que o vampiro é bobão mesmo. Depois de um início promissor em que ele mata o marido da voluptuosa Ofélia e vampiriza a moça, o cara só volta a aparecer para pagar mico e lamber uma mocinha que dorme seminua na sala do casarão assombrado. Sua trajetória no resto da narrativa é pífia, e nem vale a pena tecer comentários sobre seu destino final. Já sua companheira, apesar de também estar inexplicavelmente perdida durante a maior parte do tempo, pelo menos dá um bom caldo de pele à mostra, juntamente com algumas das outras moças.
Não dá para perdoar a história tola, que se perde muito antes de chegar a algum lugar de mérito e faz uma confusão danada que nem chega a dar explicações sobre o que acontece à terceira garota desaparecida. Afinal, que idéia foi essa de sumir com elas e depois as liberar sem mais nem menos para a dupla de heróis safados as encontrarem em estado de choque? Detalhe: um dos caras é namorado de uma moça e o outro é o irmão dela, mas não dá a mínima para o fato do cunhado ter traçado a vampirona com vontade... Mais tarde é a vez dele, mais ou menos no ponto onde o diretor achou que devia acabar a história para não ultrapassar a metragem liberada pelos produtores. Se bem que a bagunça do final pode se dever a alguma imposição da censura da época, fato que não consegui averiguar a contento. Vai saber...
O filme só ganha uns dois pontinhos por causa da trilha sonora decente, da bacana seqüência animada dos créditos de abertura, da dança de topless na boate e da volúpia de Susana Beltrán diante das câmeras. Pelo menos uma boa dose de nudez feminina essas podreiras desconexas ainda são capazes de oferecer aos fãs do horror marginal, a fatia da platéia para a qual Sangre de Vírgenes é recomendado sem contra-indicações.
O DVD traz áudio original em espanhol e legendas em inglês. O principal extra do disco consiste de um documentário de 25 minutos sobre o cinema underground argentino, concentrando-se nas carreiras de Emilio Vieyra e de Isabel Sarli, musa das décadas de 60 e 70 no país. Há ainda notas de produção, galeria de fotos, o tradicional trailer com vários lançamentos da distribuidora Mondo Macabro e uma coletânea considerável de trailers de filmes dirigidos por Emilio Vieyra, que inclui Sangre de Vírgenes, Placer Sangriento (a.k.a. The Deadly Organ), Gitano, La Venganza del Sexo (a.k.a. The Curious Dr. Humpp), La Bestia Desnuda, La Gran Aventura, Los Irrompibles, El Poder de la Censura e Obsesión de Venganza.
Visto em DVD em 25-NOV-2006, Sábado - Texto postado por Kollision em 30-NOV-2006