Uma bagunça generalizada e porcamente realizada. Trata-se da maneira mais sutil de se referir, de forma suscinta, ao que o diretor italiano Renato Polselli entrega neste filme, conhecido pelo título mais curto The Reincarnation of Isabel. O que é uma pena quando se percebe que ele utiliza exatamente o mesma equipe de Delirio Caldo, seu longa anterior, metendo os pés pelas mãos num festival sobrenatural de bizarrices do qual nada se salva. O título original se traduz em algo como "Rituais, Magia Negra e Orgias Secretas no Século XIV", o que representa apenas uma parte de toda a patacoada.
Castelo cheio de salas e calabouços é comprado por um novo dono (Mickey Hargitay), que se instala no local e cria certo conflito com o administrador da propriedade (Raul Lovecchio), na realidade um praticante de artes ocultas que deseja reviver, junto com seu séquito de sacerdotes vampiros, uma bruxa queimada viva no século XIV. Os preparativos são feitos para o casamento de Laureen (Rita Calderoni), a filha adotiva do novo mestre, com um proeminente cidadão local (William Darni), enquanto várias moças que comparecem à propriedade morrem ou desaparecem em circunstâncias misteriosas. Laureen torna-se o principal objetivo das forças do mal, uma vez que ela é a reencarnação viva da bruxa amaldiçoada Isabella. Todos ao seu redor, inclusive, são de alguma forma reencarnações de gente que esteve originalmente envolvida em sua morte na fogueira.
A história é estúpida, assim como o amálgama imbecil de ocultismo barato com vampirismo, o que resulta numa das coisas mais desconjuntadas e medonhas já feitas dentro de ambos os sub-gêneros. A parte que diz respeito aos vampiros, por exemplo, parece ter sido jogada por acaso nos diálogos de um elenco completamente perdido em cena, sem qualquer referência visual a presas ou mordidas de verdade. O gore só aparece um pouco nas seqüências de sacrifício humano, filmadas quase sempre com um desleixo de dar dó. O trabalho de edição tenta capitalizar em cima da trilha sonora, mas não consegue muito efeito dramático – e a culpa maior disso é da direção desleixada. A nudez feminina, um trunfo que Renato Polselli também desperdiça com asinina desenvoltura, não se equipara às expectativas formadas quando se analisa o belo grupo de mulheres presentes do filme, encabeçado pelas voluptuosas Rita Calderoni e Christa Barrymore. Ninguém liga para o fato das pobres coitadas, ou de qualquer outra pessoa do elenco, não conseguirem ou não saberem como demonstrar uma atuação minimamente decente.
Como a cereja no topo do bolo de merda, o roteiro trata de acabar tudo com um final que chama todo mundo na platéia de retardado. E o que é aquele desfecho particular dado à doidinha (Carmen Young) que é atacada/seduzida por um serviçal bobão e pela amiga loira que não veste nenhuma roupa? Nem adianta encontrar motivo para mais essa particularidade do festival de ruindade que é este filme... Aliás, já escrevi até demais sobre esta porcaria.
O DVD de Região 1 da Image Entertainment tem como material extra somente o trailer, trazendo o filme com áudio original em italiano e legendas em inglês. Ele é precedido por uma longa introdução de 8 minutos produzida pela distribuidora e estrelada pela inglesa Eileen Daly. A tal introdução, se pensarmos bem, pode ser para alguns bem mais interessante que o filme em si.
Visto em DVD em 20-FEV-2007, Terça-feira - Texto postado por Kollision em 24-FEV-2007