Ratos é mais um filme de baixíssimo orçamento que volta a utilizar a tão manjada idéia da revolta da natureza contra o ser humano. E mais uma vez usando pobres roeadores como desculpa. O triste é que o 'espetáculo', por assim dizer, é comandado por um diretor que já chegou a ser promessa dentro do gênero nos anos 80.
Nem adianta tentar encontrar muita lógica na história. A suicida Samantha (Sara Downing) chega à clínica de reabilitação comandada pelo dr. Winslow (Ron Pearlman) de forma um pouco estranha. Não demora para sabermos que ela é, na verdade, uma repórter infiltrada investigando um tal processo de privatização da clínica. Entre uma escapulida da cela e um chilique e outro dos internos, ela vem a descobrir que uma horda de ratos (comandada por uma imensa ratazana do tamanho de um cachorro) se esgueira pelos porões e pelos dutos de ventilação do lugar, resultado de um segredo envolvendo a própria equipe do hospital onde ela se encontra internada.
O filme até consegue enganar um pouco no início, enquanto não há nenhum roedor em cena e o disfarce da repórter enxerida não é revelado aos olhos da platéia. Depois disso, é só podreira, e da pior qualidade. Fora a motivação absurda da moça para estar naquele lugar, a pior coisa mesmo são os efeitos em CGI utilizados para as cenas de ataque dos ratos. Todo o clima construído e qualquer esforço de se estabelecer algo aterrador vão por água abaixo durante estas seqüências, que misturam alguns bichos de verdade com ratos digitais tão toscos que até um zé mané de esquina com um Pentium II poderia fazer melhor. Simplesmente bisonho. O dinheiro deve ter sido tão curto que nem mesmo foi possível para a equipe utilizar só bonecos ou algo parecido (o que teria sido bem melhor sob qualquer ponto de vista), obrigando-os a recorrer às vergonhosas inserções digitais que vão causar um espanto histriônico em qualquer platéia séria. Ah, e não se enganem, este pastiche foi produzido em 2003...
Motivos porque esta porcaria pode até ser digna de uma conferida básica incluem a presença atenuante do ótimo Ron Pearlman, os hilários ataques da ratazana-mor e uma cena inexplicável em que uma moça devora o próprio pulso. Ei, por que não fizeram um filme sobre gente que come a própria carne? Teria sido bem mais interessante, e não seria necessário tanto CGI barato! Outra curiosidade é a presença da atriz Sara Downing no papel da repórter, ela que protagonizou uma das roqueiras que podia ver os mortos na bacana e injustamente cancelada série Dead Last, exibida durante algum tempo pelo canal fechado da Warner.
Não se deixe enganar pela propaganda enganosa da capa do DVD da California Filmes, pois não há nem trailer nem qualquer outra coisa a mais que se aproveite no disco.
Texto postado por Kollision em 2/Agosto/2005