Cinema

Les Raisins de la Mort

Les Raisins de la Mort
Título original: Les Raisins de la Mort
Ano: 1978
País: França
Duração: 90 min.
Gênero: Terror
Diretor: Jean Rollin (Fascination, La Nuit des Traquées, O Lago dos Zumbis)
Trilha Sonora: Philippe Sissman
Elenco: Marie-Georges Pascal, Félix Marten, Serge Marquand, Mirella Rancelot, Patrice Valota, Patricia Cartier, Brigitte Lahaie, Michel Herval, Paul Bisciglia, Olivier Rollin, Françoise Pascal, Evelyne Thomas, Jean-Pierre Bouyxou, Jean Rollin
Distribuidora do DVD: Synapse Films
Avaliação: 7

Jean Rollin é um diretor cultuado pelos amantes do horror obscuro, graças a uma série de filmes sobre vampiros que ele realizou ao longo da década de 70. Les Raisins de la Mort, ou The Grapes of Death, representa o único filme de zumbi dentro de sua filmografia, um trabalho obviamente feito para faturar sobre a onda de longas semelhantes que seguiram o exemplo dos clássicos feitos por George Romero. A importância do filme vai além do fato de ser uma mera cópia, pois ele clama para si a alcunha de ser a primeira obra de horror francesa (e ainda hoje uma das poucas) a apresentar gore em profusão.

A história se assemelha em vários pontos àquela do seminal A Noite dos Mortos-vivos (Romero, 1968), com a diferença dela ser ambientada numa inóspita região rural francesa. Retornando para casa na companhia de uma amiga, a jovem Élisabeth (Marie-Georges Pascal) é surpreendida no trem por um homem que começa a se decompor e expelir pus bem na sua frente. Ao descobrir que ele acaba de matar sua amiga, Élisabeth foge e procura ajuda, perdida numa área bem distante de seu vilarejo, conhecido por produzir o vinho que supre toda a região. O que ela encontra é um cenário de desolação, com vilarejos vazios e pessoas jazendo mortas aos montes, que mais tarde de transformam em homicidas pútridos. O motivo é o vinho contaminado por agrotóxicos experimentais, e a esperança fica a cargo de alguns estranhos que ela acaba encontrando pelo caminho.

Particularidades da visão do diretor são bem perceptíveis no escapismo depressivo da história, que ainda assim compartilha muitas das características de outros filmes, como o espanhol e ligeiramente superior Non si Deve Profanare il Sonno dei Morti (Jorge Grau, 1974). O que mais chama a atenção é a forma como os zumbis são retratados. O fenômeno é tratado como se fosse de fato uma doença – muitos dos zumbis retêm o raciocínio, alguns deles nem chegam a demonstrar sinais de putrefação e vários demonstram um efêmero remorso ao cometerem os assassinatos. O desejo de matar, o silêncio e a locomoção retardada são o que mais os aproxima do conceito amplamente difundido sobre estes monstros. Porém, para Jean Rollin, o devorar de vísceras não tem vez mesmo, o que em nenhum momento significa que o filme não tem lá sua carga de sangue, que jorra em abundância em muitos momento de plenitude gore.

Logo, o filme tem material mais do que suficiente para satisfazer os fãs do sub-gênero mais subversivo do horror cinematográfico. O ritmo da narrativa nem sempre é satisfatório, mas a ambientação inóspita e a atmosfera carregada de névoa, que parece misturar a modernidade do século XX com um quê de século XIX, garantem o cenário perfeito para a matança. Do ponto de vista da atuação, a protagonista Marie-Georges Pascal infelizmente acaba sendo eclipsada, tanto pela cega que introduz uma dimensão inesperada ao conceito de medo numa história de zumbis (ela própria, que estampa a capa do DVD, parece ser às vezes mais assustadora que as criaturas) quanto pela presença da estonteante Brigitte Lahaie, estrela de filmes pornôes que aqui experimentava pela primeira vez o gostinho de fazer um filme sério. São pequenos quitutes de preciosidade e bizarrice que ajudam a garantir o contínuo interesse por obras desta estirpe, às vezes injustamente esquecidas pela separação geográfico-cinematográfica dos povos.

A Synapse Films disponibilizou legendas em inglês para o áudio original em francês do filme. Os extras consistem de uma entrevista de mais de meia hora com Jean Rollin e Brigitte Lahaie, ambos com um com inglês sofrível de tão ruim, biografia do diretor, uma galeria de fotos e os trailers francês e alemão do obra.

Visto em DVD em 4-JAN-2007, Quinta-feira - Texto postado por Kollision em 9-JAN-2007