Cinema

Energia Pura

Energia Pura
Título original: Powder
Ano: 1995
País: Estados Unidos
Duração: 112 min.
Gênero: Drama
Diretor: Victor Salva (Olhos Famintos, Olhos Famintos 2, Poder Além da Vida)
Trilha Sonora: Jerry Goldsmith (City Hall - Conspiração no Alto Escalão, Momento Crítico, Reação em Cadeia)
Elenco: Sean Patrick Flanery, Mary Steenburgen, Lance Henriksen, Jeff Goldblum, Brandon Smith, Bradford Tatum, Susan Tyrrell, Missy Crider, Ray Wise, Esteban Powell, Reed Frerichs, Chad Cox, Joe Marchman, Phil Hayes
Distribuidora do DVD: Buena Vista
Avaliação: 9

Energia Pura é um filme coadjuvante que se sobressai da mesma forma como o fazem alguns nomes de seu elenco, também coadjuvantes profissionais. Parte da platéia não dá a mínima, já outros curtem a história exatamente pela presença destes atores, e também pelo fato dela ser bem contada e correr por fora em meio à enxurrada de filmes suportados por intensas campanhas de marketing.

Certo dia, o xerife de uma pequena cidade rural americana (Lance Henriksen) descobre na casa de um casal de idosos recém-falecidos o jovem Jeremy 'Powder' Reed (Sean Patrick Flanery), um rapaz albino que, aparentemente, sempre viveu isolado do mundo devido à proteção constante de seus avós. De aparência estranha, ele é o motivo de muitas histórias de monstro contadas pelos vizinhos. O xerife chama a psicóloga Jessica (Mary Steenburgen) para ajudar, e ela se surpreende ao descobrir que o rapaz não tem nada de monstro, além de ser super inteligente e possuir uma memória fotográfica. Levado para a cidade e matriculado numa escola, Jeremy atrai a atenção de todos com seu tipo estranho e com os fenômenos bizarros que sempre ocorrem quando ele está por perto, envolvendo eletricidade ou raios.

Escrito e dirigido por Victor Salva, que seria incensado por uma parte dos fãs de terror e espinafrado pela outra parte no futuro Olhos Famintos, Energia Pura possui o toque certeiro que costuma fazer esse tipo de filme funcionar: ele prende o espectador a partir do momento em que começa. O roteiro não desvia muito do esperado e do clichê ao relatar o processo de socialização do rapaz, mas tudo é feito de forma certinha, com muita competência. Além dos eternos e já mencionados coadjuvantes Henriksen e Steenburgen, Jeff Goldblum (A Mosca) aparece como um professor fascinado pela inteligência de Jeremy. Dos três, quem está melhor em cena é Lance Henriksen, que tem várias passagens tocantes e entrega uma performance bastante diferente da qual está habituado a fazer. Mary Steenburgen está meio deslocada como a tutora que quer o melhor para seu protegido, mas parece ser incapaz de lhe dar um simples abraço. O protagonista Sean Patrick Flanery faz muito bem seu papel, auxiliado pelo excelente trabalho da equipe de maquiagem.

Odiado pelos outros jovens e sempre complacente com a aversão alheia, Jeremy é uma figura que parece também conter um simbolismo característico. Dotado de dons maravilhosos, ele é o pivô de um drama que envolve o preconceito, a aceitação, a amizade e uma certa religiosidade. Este último tema é arranhado várias vezes ao longo do filme, assim como outras pontinhas que Salva faz questão de desamarrar, como o fato de que Jeremy possa mesmo ter sido o responsável pela morte dos avós, ou uma insinuação de homossexualidade que é abafada da forma mais rude possível. Tudo é costurado com classe, valorizado por interpretações corretas e pontuado por uma trilha um pouco emotiva demais assinada pelo mago Jerry Goldsmith.

Como de praxe em outros lançamentos, a Buena Vista não fornece nenhuma apresentação especial na edição em DVD do filme.

Texto postado por Kollision em 2/Janeiro/2005