Cinema
Phenomena
Ano: 1985
País: Itália
Duração: 110 min.
Gênero: Terror
Diretor: Dario Argento (O Pássaro das Plumas de Cristal, Prelúdio para Matar, Inferno)
Trilha Sonora: Simon Boswell (Demons 2 - Eles Voltaram, O Pássaro Sangrento), Goblin
Elenco: Jennifer Connelly, Donald Pleasence, Daria Nicolodi, Federica Mastroianni, Fiorenza Tessari, Fiore Argento, Dalila Di Lazzaro, Franco Trevisi, Patrick Bauchau, Mario Donatone, Tanga
Distribuidora do DVD: London Films
Avaliação:
Dario Argento é um daqueles diretores que, mesmo quando faz alguma cagada ao dirigir ou montar seus filmes, jamais poderá ter qualquer um de seus trabalhos sumariamente desprezados. Isso fica muito evidente neste filme, anteriormente distribuído sob o título de Creepers e já alçado à categoria de cult, muito provavelmente devido à presença em seu elenco da atriz Jennifer Connelly na flor de seus 14 aninhos. Guardando várias semelhanças como algumas das obras anteriores de Argento (como Suspiria, por exemplo), Phenomena mistura o horror a uma premissa fantasiosa com um resultado que, se não prima pela homogeneidade, pelo menos consegue entreter sem cair no lugar-comum.
Filha de um ator famoso, a adolescente Jennifer Corvino (Jennifer Connelly) é enviada para estudar num internato feminino na Suíça. Ao chegar, ela é recebida pela diretora da instituição (Daria Nicolodi), e não demora muito para descobrir que uma série de assassinatos de jovens moças vem ocorrendo nas redondezas. Hostilizada pelas outras garotas e sofrendo de ataques de sonambulismo, Jennifer faz amizade com o professor e entomologista John McGregor (Donald Pleasence). Deficiente, McGregor é ajudado por uma inteligente chimpanzé, e se impressiona com o capacidade que Jennifer possui de se comunicar em nível extra-sensorial com os insetos que ele estuda. Quando a situação na escola torna-se insustentável, a adolescente une-se ao professor para tentar encontrar o temível assassino, empregando para isso seu extraordinário dom.
Assassinato, insetos, o sempre confiável cenário onde há um mestre e um aprendiz e um pé na fantasia com base científica. Estes itens por si só já são mais do que suficientes para atrair a atenção para uma obra de horror. Neste caso em particular, a estética do gênero vai além do superficial e ganha o olhar único de Argento, particularmente nas cenas de violência e gore, o ponto mais sólido de Phenomena. A trama é simplista e procura se sustentar no inusitado poder que Jennifer demonstra, num desempenho que peca um pouco pelo excesso de maturidade em relação à idade da personagem. Mesmo assim, ela garante o carisma necessário logo em seu primeiro trabalho no cinema, e também não atrapalha ela ser uma gracinha já naquela época. O nível de interpretação do resto do elenco feminino, infelizmente, é de dar dó.
Argento dribla com eficiência as falhas na concepção da história, produz mais um razoável conto fantástico e tem a capacidade de despertar sensações díspares com muito pouco, como no modo com que ele retrata a figura da chimpanzé Inga, de longe a coadjuvante mais bem aproveitada em todo o filme. Apesar da simplicidade do roteiro, de seu desenvolvimento econômico e das visíveis inconsistências da história, o filme se paga durante o seu clímax, calcado muito mais no choque do que no suspense propriamente dito. No entanto, há um aspecto que destoa de praticamente tudo o que é mostrado na tela: a triha sonora. Parece que a excelência com que Argento constrói e filma as suas mortes é inversamente proporcional ao seu faro para selecionar as músicas que devem acompanhar seus takes. Em muitas passagens, o que deveria ser algo contido, sombrio e carregado transforma-se num crescendo de bizarra empolgação adolescente graças à música selecionada para seu acompanhamento. Nem sempre isso acontece, é claro, mas quando ocorre a sensação que fica é que não estamos mais assistindo a um filme de terror. É de dar medo, mas de estupefata inadequação.
Infelizmente para os fãs, não há nenhum extra na edição em DVD da London Films.
Texto postado por Kollision em 13/Maio/2006