Com razoável sucesso junto a crítica e público em 2001, o divertido e inteligente Onze Homens e um Segredo celebrou o tino de Steven Soderbergh para costurar uma boa história, associado ao velho amigo George Clooney e um elenco de coadjuvantes de peso. Três anos e meio depois, o que teria sido um filme completamente diferente teve seu roteiro adaptado para receber mais uma vez os 'onze' de Danny Ocean, com a adição de um décimo-segundo componente na gangue.
Ocean (George Clooney), assim como todos os outros membros da gangue que assaltou o cassino de Terry Benedict (Andy Garcia) no primeiro filme, recebe uma ingrata visita surpresa do algoz. Benedict demanda que todos devolvam o dinheiro roubado, e com juros, em no máximo 20 dias, ou cada um deles sofrerá as conseqüências cabíveis. Em polvorosa, o grupo se reúne e desenvolve mais um plano mirabolante para erguer os quase 200 milhões de dólares no velho continente em tempo recorde. Em seu encalço está a ex-namorada policial de Rusty (Brad Pitt), a obstinada Isabel (Catherine Zeta-Jones), e à espreita ronda o então mais famoso ladrão do mundo (Vincent Cassel), que tem motivos estritamente profissionais para querer ver a turma de Ocean em maus lençóis.
Soderbergh é um diretor de talento razoável, e sabia muito bem que recontar a primeira história não acrescentaria nada de substancial à saga de Danny Ocean e sua turma. Partindo de um início morno e um pouco inverossímil (afinal, como Benedict poderia estar em tantos lugares em tão pouco tempo?), e seguido pela obrigatória reunião da gangue e pela minuciosa preparação para o primeiro golpe, o roteiro se esforça em enveredar por um rumo cada vez mais caótico, que tenta desviar a atenção da platéia e dizer que esta não é a mesma história do primeiro filme. Ele quase consegue. Infelizmente, onde na primeira parte as sacadas inteligentes pontuavam a história e o plano milimétrico como pérolas de finesse, aqui as pegadas e o tal 'segredo' não conseguem tirar a turma de Ocean do beco sem saída em que ela se mete de forma convincente, soando tão forçadas que destroem qualquer expectativa criada para o clímax.
O charme do elenco e a competência de Soderbergh estão lá, mas coisas como o envolvimento externo de gente relacionada ao deslocado e afoito Linus (Matt Damon), no trecho final do filme, tiram o pouco de credibilidade que Doze Homens e Outro Segredo sustenta até então. Pelo menos a piada em cima da persona de Julia Roberts rende alguns momentos de descontração. Catherine Zeta-Jones não está muito à vontade no papel, mas Vincent Cassel aparenta se divertir bastante na pele do furtivo e competitivo François Toulour, vulgo Raposa Noturna, o rival direto de Danny Ocean no posto de maior ladrão da atualidade.
Se há algo no filme que realmente vale a pena ser visto, trata-se da reunião de um grande e famoso elenco numa única história, que em nenhum momento chega perto de superar ou sequer se igualar ao original. A diversão pode estar garantida para os fãs dos astros, mas não para o espectador comum à procura de uma hora e meia de divertimento descompromissado.
Texto postado por Kollision em 18/Janeiro/2005