O título deste filme é uma piada, assim como a história. Na campanha americana seu nome é "Nude for Satan", que se traduz como a sugestiva chamada de "Nua para Satanás". Se Satanás soubesse que coisas desse quilate são feitas em seu nome, ele provavelmente mandaria empalar seu diretor, que aqui trabalha sob o pseudônimo de Paolo Solvay, juntamente com todo o resto da equipe técnica. O demo pouparia, obviamente, somente as belas Rita Calderoni e Iolanda Mascitti, as únicas coisas que se salvam no mar de mediocridade disfarçada de viagem de ácido, que clama para si um ar de surrealismo chique.
Homem (Stelio Candelli) dirigindo um fusca sozinho numa estrada erma e numa noite escura pára o carro após achar que atropelou uma pessoa na pista. Ele encontra uma moça desfalecida (Rita Calderoni) num carro abandonado e, como é médico, procura ajuda para acomodá-la temporariamente, já que seu carro morreu. Graças ao conselho de um transeunte sinistro (James Harris), o cara acaba indo até um castelo cheio de teias de aranha habitado apenas por um lorde misterioso – na verdade o mesmo transeunte maluco – e um mordomo decrépito e desdentado (Renato Lupi). Logo ele se vê envolto num círculo vicioso onde ele encontra uma versão medieval da moça da estrada. Que, por sua vez, acorda, entra no mesmo castelo e topa com uma versão medieval do médico do fusca. E dá-lhe uma confusão espaço-temporal danada enquanto os anfitriões conduzem rituais de tortura e sacrifício nos cômodos do castelo.
Existe um motivo de porquê obras como esta se perderam no limbo logo após seu lançamento, e ele é simples: não basta um título que funciona como ímã de tarados, nem uma belezura como Rita Calderoni, para que algo se torne palatável como filme. O que esses longas fazem, geralmente, é testar a paciência do espectador até o limite com baboseiras, liberando cenas bizarras como conta-gotas destinados a impedir que ele caia no sono. Se existe algum mérito no esforço tosco de se imprimir um tom surreal a uma história que mistura fantasmas com adorações ao capeta, ela é realizada muito mal e porcamente. As atuações do elenco, por si só, já colocam o filme dentro da categoria onde só é possível assisti-lo quando dominado por um estado de espírito de deboche escancarado. Só assim para agüentar a história imbecil, a canastrice dos atores e a cenografia barata (mas em alguns momentos inspirada – tanto quanto ela pode ser numa podreira dessa estirpe).
Primeira cena: dona Calderoni correndo nua pela floresta, em câmera lenta. Segunda cena: um fusca percorre uma estrada sinuosa enquanto a câmera se detém em seu capô e os créditos de abertura são exibidos. Praticamente tudo dali em diante é enchimento, até a indescritível passagem onde a heroína é aprisionada na teia de uma aranha que faria até o polêmico Ed Wood se remoer de desgosto! É por essa pérola perdida e por Rita Calderoni nua e seminua durante a maior parte do tempo que talvez o filme valha alguma coisa, como curiosidade para seus fãs. Recomendo que o espectador médio, por sua vez, evite para que não passe raiva.
O DVD de Nuda per Satana da Image Entertainment (Região 1) tem trilhas de áudio em italiano e inglês, com opção de legendas neste último idioma. Os extras se resumem aos trailers americano e italiano e a uma galeria de fotos.
Visto em DVD em 4-MAR-2007, Domingo - Texto postado por Kollision em 9-MAR-2007