Ao longo de aproximadamente 10 anos, a série A Hora do Pesadelo surgiu, cresceu e angariou fãs em toda a comunidade cinematográfica. Criou um novo ícone do terror na figura de Freddy Krueger, o assassino de crianças que mata suas vítimas através de seus pesadelos, e viu esse personagem atingir o ápice da fama, virar ídolo adolescente, ser ridicularizado em seus próprios filmes, e por fim perder popularidade junto à sua própria base de fãs, uma vez que os últimos filmes já não tinham o retorno financeiro das primeiras seqüências. Um percurso de considerável longevidade, que nesta parte 7 volta às suas origens sob a direção do criador da série, o diretor Wes Craven.
A história, no entanto, não segue os moldes das continuações anteriores. Em primeiro lugar, Freddy foi morto na parte 6. Como ele poderia aparecer em mais um show de delírios oníricos? É então que nos deparamos com o mundo real e com Heather Langenkamp (a heroína das partes 1 e 3), casada e com um filho, envolvida em talvez mais um provável filme da franquia. A vida real é levada à tela, e nela até mesmo os produtores Robert Shaye e Sara Risher, assim como o diretor Craven e o próprio Robert Englund (Freddy), aparecem em performances como eles próprios. Em meio às negociações sobre a sua participação no novo filme e aos constantes terremotos atingindo Los Angeles, Heather é assediada pelas ligações de um fã psicopata e começa a sonhar com Freddy. Quando seu filho também passa a sonhar com o assassino de celulóide e coincidências cada vez mais freqüentes acontecem em sua vida, ela se vê às voltas com um mistério inimaginável: estaria Freddy tomando forma no mundo real?
A premissa corajosa do roteiro ajuda a afastar o desgaste evidente que a série vinha sofrendo, oferecendo uma nova abordagem ao mito de Freddy e tentando espremer o pouco de suco que restava da idéia original, lançada em 1984. Ver alguns dos atores dos filmes da série serem chamados pelos seus nomes verdadeiros é algo digno de assombro.
O salto qualitativo em relação aos filmes anteriores é impressionante, e há até mesmo um certo suspense. Heather Langenkamp está mais madura e ainda mais bonita, encarnando corajosamente a torturante realidade metalingüística concebida por Craven, e as aparições de John Saxon e de Robert Englund sem maquiagem valorizam este conceito. O roteiro é bastante consistente de início, recheado com várias auto-referências ao filme original, mas derrapa um pouco em sua parte final. Quando o verdadeiro Freddy dá as caras, ainda mais diabólico e com garras naturais (sem luva), o filme perde um pouco a força e não fica muito diferente do festival de efeitos visuais das continuações anteriores.
O elo mais fraco do elenco, infelizmente, é Miko Hughes, o menino que faz o filho de Heather. Desde cedo um mini-astro do gênero, já que ele foi o pequeno Gage Creed no competente Cemitério Maldito, de 1989, o garoto parecia uma boa escolha. Porém, as cenas em que o moleque precisa demonstrar que está em pânico ou sonhando são ridículas, para dizer o mínimo. Parece que Craven tentou fazer uma referência ou mesmo uma homenagem ao filme baseado em Stephen King, dirigindo o garoto de forma que ele emulasse os cacoetes mostrados em Cemitério Maldito. Infantil demais, adequado de menos.
Mesmo com estes defeitos, O Novo Pesadelo se sobressai como uma das melhores continuações da série, juntamente com as partes 3 e 4. O DVD traz como extras o trailer de cinema do filme e do pacote de DVDs contendo as partes 1, 2 e 3 da saga de Freddy.
Texto postado por Kollision em 28/Agosto/2004