Cheio de efeitos especiais e capitaneado por um dos comediantes mais expostos do cinema americano atual, Uma Noite no Museu chega para integrar a categoria de filmes familiares que colocam o pé na fantasia exagerada para fazer rir, transmitir uma mensagem e entreter sem que seja preciso pensar (não exatamente nesta ordem para todo mundo). Dirigido por um cineasta que está se especializando em coisas do tipo, o filme alterna momentos sem muita graça com alguns picos que rendem boas gargalhadas.
Larry (Ben Stiller) é um desocupado que jamais teve um emprego fixo. As constantes mudanças em sua vida acabam por afastá-lo do filho, que está sob a guarda da ex-mulher do cara e cada vez mais se afeiçoa ao padrasto atencioso. Ao receber um ultimato da esposa para tomar jeito, Larry recebe de presente do destino a oportunidade de trabalhar como guarda noturno do Museu de História Natural de Nova York. Um emprego como outro qualquer, se não fosse pelo fato de, à noite, todas as criaturas esculpidas e entalhadas dentro do museu ganharem vida. Inicialmente auxiliado pelos guardas veteranos (uma trinca de peso formada por Dick Van Dyke, Mickey Rooney e Bill Cobbs), Larry tem que se virar para dar conta da confusão e impedir o roubo do artefato que causa o fenômeno noturno, sendo que sua maior ajuda acaba sendo o reavivado presidente Theodore Roosevelt (Robin Williams).
Contrariando a impressão passada pelo trailer, Uma Noite no Museu é um filme que leva um tempo razoável para entrar em velocidade de cruzeiro. Pode-se até dizer que a primeira metade amarela no que diz respeito a gags e passagens engraçadas, graças ao conflito que precisa ser estabelecido para que a motivação do personagem de Ben Stiller seja justificada. Larry está num estágio da vida onde tudo o que lhe importa é a forma como é visto pelo filho, que cada vez mais tem a certeza de que o pai é um fracassado. E existe coisa mais cinematográfica do que ver um fracassado se dar bem pelo menos uma vez na vida? Sim, é a mesma velha história de sempre, só que desta vez adornada com uma boa dose de escapismo alucinado e, se a platéia tiver paciência, alguns bons motivos para acabar gostando do filme.
A produção tem o dedo de várias pessoas envolvidas na série Harry Potter, o que atesta o bom nível dos efeitos especiais. A presença dos veteranos – com Dick Van Dyke ainda esbanjando boa forma em cena – é um deleite para os mais escolados em filmes clássicos. E, é óbvio, novamente somos convidados a ver a cara de pastel de Owen Wilson, o mais notório arroz-de-festa em se tratando de um trabalho envolvendo Ben Stiller. Carla Gugino está lá para dar um pouco mais de substância à virada por cima do protagonista, enquanto Robin Williams se torna o responsável por transmitir a mensagem enaltecedora do pacote.
Se a história sai completamente dos eixos já perto do seu final, há que se dar um desconto à concepção geral do longa, que faz vista grossa a muitas inconsistências lógicas e só se preocupa mesmo com o fator entretenimento. O que já está de bom tamanho e definitivamente não faz os envolvidos na produção passarem vergonha.
Visto no cinema em 28-JAN, Domingo, sala 2 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 2-FEV-2007