Cinema

Assassinato no Expresso Oriente [1974]

Assassinato no Expresso Oriente [1974]
Título original: Murder on the Orient Express
Ano: 1974
País: Inglaterra
Duração: 123 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Sidney Lumet (Um Dia de Cão, Serpico)
Trilha Sonora: Richard Rodney Bennett (Conflito Íntimo, Colinas da Ira, O Homem que Enganou a Morte)
Elenco: Albert Finney, Lauren Bacall, Martin Balsam, Ingrid Bergman, Jacqueline Bisset, Jean-Pierre Cassel, Sean Connery, John Gielgud, Wendy Hiller, Anthony Perkins, Vanessa Redgrave, Rachel Roberts, Richard Widmark, Michael York, Colin Blakely, George Coulouris, Denis Quilley, Vernon Dobtcheff
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 6

O fascínio exercido pelas obras da escritora Agatha Christie nos leitores de todo o mundo é notório, e um de seus romances de mistério mais conhecidos é justamente Assassinato no Expresso Oriente, que volta a trazer à baila o perspicaz detetive belga Hercule Poirot. O personagem aparece em vários livros da autora, sempre às voltas com intrincados e aparentemente insolúveis mistérios. Albert Finney é quem o incorpora no filme de Sidney Lumet, sendo apoiado por um grande e impressionante elenco de astros, alguns deles no ocaso de suas carreiras.

O sempre ocupado detetive Hercule Poirot (Finney) recebe um chamado para ir à Inglaterra, e embarca num trem que parte da Turquia com destino à Europa ocidental. Durante a noite, um dos passageiros (Richard Widmark) é drogado e brutalmente assassinado com várias facadas. Com a locomotiva parada devido a um deslizamento que bloqueou os trilhos, Poirot atende ao pedido do capitão do trem e inicia uma investigação que coloca contra a parede todos os passageiros. Ele os entrevista um a um, e ao final apresenta a solução do crime, que envolve uma teia de conspiração inacreditável relacionada ao passado não muito inocente da vítima.

De direção convencional e visual bastante fiel àquilo que é descrito no livro, o filme tem seu valor incrementado devido à performance inspirada de Finney como Poirot. Aos não iniciados em Agatha Christie faltará uma introdução mais bombástica do personagem, o que constitui um dos pontos fracos do filme. Isso não significa que, lá pela metade da história, ele já não tenha capturado a atenção da platéia com sua capacidade inata de enxergar o que todos deixam passar batido. Os trejeitos e a postura de Poirot também são sutilmente incorporados pelo ator, cuja performance foi inclusive elogiada por Agatha Christie. O elenco coadjuvante estelar também entrega uma atuação de primeira, sendo Sean Connery, Anthony Perkins, Lauren Bacall e Ingrid Bergman os que mais se destacam. Por seu papel, Ingrid Bergman arrematou o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Todo o roteiro é intensamente dependente dos diálogos, e o ambiente do trem não deixa muito espaço aberto para um trabalho de câmera mais variado. Não há muita ousadia cinemática, e a fleuma britânica parece dominar tudo e todos, com exceção de um momento de exaltação do personagem de Sean Connery. E o final, com certeza, vai deixar muita gente que já leu o livro de cabelo em pé. Não por mudá-lo, mas sim por acrescentar ao desfecho um adendo politicamente polêmico. O filme vale uma espiada pelo menos devido ao elenco afiado e levemente caracterizado (John Gielgud fazendo mais um papel de mordomo sempre soará redundante), a serviço de uma trama analítica que, se não é bombástica como as páginas do livro a fazem crer, pelo menos não desaponta totalmente.

Infelizmente, não há um extra sequer no DVD de Assassinato no Expresso Oriente.

Texto postado por Kollision em 14/Maio/2005