Cinema

La Mansión de los Muertos Vivientes

La Mansión de los Muertos Vivientes
Título original: La Mansión de los Muertos Vivientes
Ano: 1985
País: Espanha
Duração: 93 min.
Gênero: Terror
Diretor: Jesus Franco (Sem Face, O Massacre das Barbys, Paula-Paula)
Trilha Sonora: Jesus Franco
Elenco: Lina Romay, Antonio Mayans, Eva León, Mabel Escaņo, Albino Graziani, Elisa Vela, Mari Carmen Nieto
Distribuidora do DVD: Severin Films
Avaliação: 2

Tal incursão do espanhol Jesus Franco no gênero dos zumbis é uma piada. Não no sentido de ser de mau gosto, ou de ser muito ruim, mas sim no fato de que este filme está muito longe de poder ser qualificado como um pastiche sobre mortos-vivos, como seu título original leva a crer. Em se tratando de Franco, não é novidade alguma nos depararmos com um conteúdo amorfo, irregular e fora da curva. Só que a "campanha" de divulgação de Mansion of the Living Dead – o título em inglês – vende gato por lebre ao fazer o espectador acreditar que finalmente verá a visão de Jesus Franco para o gênero dos zumbis. Trata-se, afinal, de um suspense tosco pontuado por lesbianismo soft numa concepção toda errada e sem sentido.

Quatro amigas de Munique (entre elas a musa Lina Romay) chegam a um hotel das ilhas Canárias para passar umas férias de arromba. Só que o lugar vive deserto, sendo as únicas almas vivas a darem as caras o recepcionista esquisito (Antonio Mayans) e o jardineiro retardado (Albino Graziani). Liberadas e sedentas por ação, elas não esperam nada e já vão fazendo a farra umas com as outras, até o momento em que uma delas sai para passear SEMINUA com um SALTO de 10 CENTÍMETROS pela praia e por uma FAIXA DE PEDREGULHOS até chegar a um MOSTEIRO abandonado e lá entrar SEMINUA para bisbilhotar. Seu sumiço coloca as demais em pânico, enquanto o culto de monges põe em prática o seu modo peculiar de punir as invasoras, com a ajuda que vem de dentro do hotel deserto da praia.

Que Franco tenha sido capaz de finalizar projetos amadores e sem sentido como este é algo digno de nota. Mesmo com o pouco dinheiro disponível, será que não dava para entregar um material um pouco menos desconexo? O filme testa a paciência da platéia com coisas absurdas como a longa seqüência em que a primeira mulher desaparece (descrita acima), sem contar a própria concepção impossível da história. Não há NENHUMA mansão, uma vez que nem o hotel nem o mosteiro maldito podem ser qualificados como tal. As reações dos personagens diante dos eventos sem nexo ultrapassa a barreira do aceitável. O ritmo da narrativa é altamente irregular, a resolução do mistério é porca e a concepção dos vilões é uma piada ainda maior que o título do filme, já que chamar os encapuzados com máscaras de plástico e o sacerdote com uma pele bisonha feita de cola Cascolar de zumbis é nada menos que um sacrilégio com um dos sub-gêneros mais subversivos do horror.

Inacreditavelmente, a fotografia do filme é boa. Em algumas cenas fica claro que a equipe parece ter esquecido luminárias onde não devia, mas isso é irrelevante em meio a todo o absurdo da história das mulheres que querem se divertir num hotel deserto, onde uma faca de açougueiro é arremessada contra elas logo que as malucas chegam à praia! A principal atriz volta a ser Lina Romay, musa de Jesus Franco, que aqui já está bem rechonchudinha e decepciona um pouco os aficcionados por um material mais picante. Pelo menos ela ainda retém a beleza que a consagrou, fazendo o papel da ninfomaníaca da turma, enquanto Eva León, que já não ostenta a voluptuosidade de outrora, aparece como a escrava do gerente do hotel, protagonizando as cenas mais bizarras da película. É uma pena que as atrizes mais novinhas não sejam exploradas como devem. Com exceção de duas ou três linhas de diálogo formidáveis, o resto do filme consiste de muita ensebação lésbica e dos estupros mal simulados dos monges tarados.

O DVD da Severin Films é Região 0 e vem com áudio em espanhol e legendas em inglês. O único extra disponível é uma entrevista de quase 20 minutos com Jesus Franco e Lina Romay, onde o diretor desce o sarrafo nos filmes de zumbi de George Romero, explica a origem de seus vários pseudônimos e justifica sua fascinação pelo sexo no cinema.

Visto em DVD em 9-MAR-2007, Sexta-feira - Texto postado por Kollision em 14-MAR-2007