Visto via Netflix em 16-JAN-2025, Quinta-feira
Com poucos minutos adentro, fica evidente que O Lagosta se passa numa realidade alternativa que soa distópica, porém somente no sentido da sátira e da crítica extrema. O filme conclama o espectador a rapidamente aceitar regras sociais muito claras, depurando-as à medida em que seu protagonista (Colin Farrell) passa pelas mais diversas situações após perder a esposa. Nesse universo muito peculiar todos os adultos são proibidos de viverem sozinhos. Dessa forma, ele é conduzido a um hotel onde terá 45 dias para encontrar uma nova parceira, ou senão será transformado num animal de sua livre escolha (o do título do filme) e devolvido à floresta virgem. No hotel há todo tipo de pessoa, homens e mulheres, mas não existe meio-termo quanto a escolhas ou quanto às regras às quais os pretendentes a novos relacionamentos são submetidos. Mais tarde a história dá uma guinada quando o protagonista toma uma atitude inesperada após cometer um erro de julgamento, entrando numa nova e ainda mais maluca realidade que é o oposto daquela onde a história começa. Original, intrigante e muito provocativo, O Lagosta se mostra um filme muito estranho e único em sua primeira metade, passando então a lembrar trabalhos díspares como A Praia ou os longas mais minimalistas de Lars von Trier. É um trabalho altamente indicado para cinéfilos que curtem uma bizarrice e não se importam com desfechos controversos.