Visto via Netflix em 7-JUL-2013, Domingo
Releitura de livro e filme suecos de boa repercussão entre os aficcionados do gênero, Deixe-me Entrar chama bastante a atenção por tratar o tema do vampirismo sob o olhar de um garoto de 12 anos (Kodi Smit-McPhee). Filho de pais separados e constantemente abusado por colegas de escola, ele leva uma rotina solitária até o dia em que cruza com uma vizinha da sua idade (Chloe Moretz), que acaba de se mudar para o apartamento ao lado junto com o pai (Richard Jenkins). A amizade entre os dois floresce de forma gradual, inicialmente pela relutância dela em estabelecer qualquer contato. Aos olhos do espectador não há dúvidas de que a garota é uma vampira, o pivô de um conflito que toma proporções mais sangrentas à medida em que o tempo passa e um policial (Elias Koteas) tenta desvendar a verdade por trás dos assassinatos que vêm ocorrendo na região. Recheado de passagens marcantes, sejam elas fortes, ternas ou tristes, o filme consegue caracterizar de forma fascinante a mitologia vampírica, sem qualquer indício de exposição barata ou excesso de efeitos especiais. O motor que move a história é a solidão compartilhada pelos personagens, a confiança mútua que surge entre eles, seus pequenos sacrifícios em nome da amizade e a inexorável ideia de que o tempo há de ser o único inimigo real de um relacionamento fadado ao fracasso. A sutileza do roteiro ajuda a compensar as poucas coisas na história que carecem de explicação ou não fazem mesmo muito sentido, como a fixação inicial do garoto por facas ou o porquê dela caminhar descalça sobre a neve quando poderia facilmente disfarçar a estranha atitude.
Ao contrário do que geralmente ocorre no caso de refilmagens, o longa foi bem avaliado pelo escritor do livro que o originou, tendo sido ele próprio o responsável pelo roteiro do filme sueco (Deixe Ela Entrar).