Cinema

Kwaidan - As Quatro Faces do Medo

Kwaidan - As Quatro Faces do Medo
Título original: Kwaidan
Ano: 1964
País: Japão
Duração: 161 min.
Gênero: Terror
Diretor: Masaki Kobayashi (Guerra e Humanidade - Não Há Amor Maior, Harakiri, Rebelião)
Trilha Sonora: Tôru Takemitsu
Elenco: Rentaro Mikuni, Michiyo Aratama, Misako Watanabe, Tatsuya Nakadai, Keiko Kishi, Katsuo Nakamura, Tetsuro Tamba, Kanemon Nakamura, Ranko Akagi, Yoichi Hayashi, Kenjiro Ishiyama, Seiji Miyaguchi, Yûko Mochizuki, Takashi Shimura
Distribuidora do DVD: Continental Home Video
Avaliação: 9

Um oásis de beleza perdido dentro do gênero comumente conhecido como "horror" ou "terror", baseado no obra de um americano naturalizado japonês que no início do século XX transpôs várias das lendas fantásticas nipônicas para um livro homônimo. O escritor Lafcadio Hearn foi, na verdade, o grande responsável por abrir os olhos do ocidente para muitas das peculiaridades culturais do povo japonês. O nome Kwaidan está relacionado a "histórias de fantasmas" e, apesar disso não ser muito explícito logo que o filme começa, o sobrenatural representa a essência deste trabalho de Masaki Kobayashi, que aplica aos contos adaptados um admirável e inesquecível senso estético.

Abaixo está um resumo de cada um deles:

Kwaidan, mais do que um filme de horror, deve ser notado como o cartão de entrada para o cinema japonês dedicado ao estilo. O filme é uma experiência contemplativa que traz muito pouco sangue, e é bastante peculiar no que diz respeito à ambientação sobrenatural de seus contos. Poderia passar sem a narração em off, que soa estranha de início mas, felizmente, se dilui dentro da história de modo que ao final nem chega a ser tão inconveniente. O ritmo lento e desigual é compensado pela produção caprichada, que muda conforme as características específicas de cada conto. Deles, o mais visualmente acachapante é o segundo, que possui cenários de fundo pintados e lança mão de uma ousadia absurda no uso da iluminação. O terceiro também é deveras ambicioso neste sentido, mas a história em si acaba se sobressaindo em relação à cenografia.

Mesmo com todas as características mencionadas acima, praticamente todas associadas a obras de arte, o longa não deixa de conter uma boa dose de suspense, ainda que datado para os padrões atuais. Ele é eficiente quando suscitado a partir do contraste entre sombras e iluminação, além de surgir também a partir do uso de algumas imagens perturbadoras. O primeiro conto é nada menos que o avô de todos os sucessos de horror japoneses de Hideo Nakata e Takashi Shimizu, com suas mulheres fantasmagóricas que assombram os vivos com os cabelos pretos caindo sobre o rosto. É uma pena que a última história tenha um desfecho tão abrupto e inconclusivo, que deixa a interpretação final a cargo da platéia mas não fornece recursos suficientes para tal.

Enfim, Kwaidan é um trabalho de peso que merece ser conhecido por quem se diz fã do horror sobrenatural. Trata-se, provavelmente, da mais bela (ou algo perto disso) história de fantasmas já transposta para o cinema.

Os extras do DVD se resumem a uma biografia curta de Masaki Kobayashi, uma pequena galeria de pôsteres de seus filmes e o trailer de Kwaidan.

Visto em DVD em 25-OUT-2006, Quarta-feira - Texto postado por Kollision em 29-OUT-2006