Revisto em Blu-ray em 1-MAR-2012, Quinta-feira
De minha parte, houve uma mudança de perspectiva nesta revisão de Hancock. Sim, o filme não é perfeito e exagera com a personagem de Charlize Theron. O ponto crucial é que Hancock não é um filme de super-herói, e sim um estudo sobre o mito do super-herói. Há uma progressão inversamente proporcional entre o conceito típico do super-herói no início do filme e a ideia do que seria um super-herói em seu final. A ausência de um vilão propriamente dito deixa o caminho aberto para que o espectador mire outros aspectos da história, e a busca ainda que inconsciente por alguma identificação fica mais difícil. A mensagem é mais forte e pura que o conteúdo, que se mostra de fato irregular em sua reta final.
Ainda assim, Hancock funciona num nível básico porque seus três personagens principais desempenham papeis cruciais num teatro de meandros classicamente trágicos. Acima de tudo trata-se de um trabalho de origem com mais alma que pancada, um longo preâmbulo para um conflito obviamente reservado para a sequência. Será que ainda vai demorar muito?
Os extras do blu-ray consistem de sete segmentos de making-of com duração total de cerca de uma hora, um recurso de visualização de detalhes de making-of dentro do filme e os trailers de A Casa das Coelhinhas, O Vizinho, Nick & Norah - Uma Noite de Amor e Música, MIB - Men in Black e Hitch - Conselheiro Amoroso.
Visto no cinema em 20-JUL-2008, Domingo, sala 4 do Multiplex Pantanal
Com uma intenção louvável, que tenta imprimir um pouco da tridimensionalidade que os heróis de HQs acabaram incorporando nos anos recentes, Hancock apresenta uma releitura do mito do Super-Homem, desta vez à mercê de preocupações e vícios mundanos. No papel do personagem-título, Will Smith não faz muita coisa além de caras e bocas, falando pouco e provavelmente tendo se divertido um bocado ao filmar os efeitos especiais de vôos e lutas. Por qualquer lado que se olhe, no entanto, Hancock não consegue cumprir o que promete, seja como comédia ou como pastiche de super-herói. É bem capaz da platéia acabar simpatizando mais com o relações-públicas sonhador feito por Jason Bateman do que com o herói beberrão. A falta de um inimigo à altura do cara é provavelmente a maior falha do filme, que não pode contar simplesmente com a ajuda e a beleza de Charlize Theron, aliada a uma grande surpresa, como alavanca de conflito. Outra coisa que muita gente também pode estranhar é o modo como o diretor Peter Berg abusa dos closes, na tentativa de transmitir a angústia de seus personagens. Bem, talvez esse pessoal consiga melhorar o material na continuação, já que o potencial não é de todo desprezível.