Cinema

A Grande Família - O Filme

A Grande Família - O Filme
Título original: A Grande Família - O Filme
Ano: 2007
País: Brasil
Duração: 104 min.
Gênero: Comédia
Diretor: Maurício Farias (O Coronel e o Lobisomem)
Trilha Sonora: Branco Mello
Elenco: Marco Nanini, Marieta Severo, Pedro Cardoso, Guta Stresser, Andréa Beltrão, Lúcio Mauro Filho, Paulo Betti, Tonico Pereira, Dira Paes, Marcos Oliveira, Luciene Martes, Gilray Coutinho, Bia Junqueira, Zéu Britto, Ruy Resende, Wagner Santisteban, Keli Freitas, Celso Bernini
Avaliação: 5

Assim como muitos outros produtos televisivos antes dele, a série A Grande Família percorreu um caminho de razoável sucesso antes de se transferir para o cinema sob a forma de um longa-metragem. O mero lançamento do filme é uma prova irrefutável da qualidade do programa, estrelado por uma família paulistana disfuncional mas muito unida, num arquétipo da instituição familiar brasileira com a qual muitas pessoas podem se identificar perfeitamente. A transposição do material da TV para o cinema acaba, neste caso, esbarrando num roteiro que peca por uma inexplicável repetitividade quase exponencial rumo ao clímax, que decepciona quem esperava um diferencial maior graças à boa premissa da história.

O pai de família e funcionário público Lineu (Marco Nanini) entra em pânico quando vai ao médico fazer um check-up e vislumbra a possibilidade de que possa ter algum tumor maligno. Sem abrir o resultado do exame, Lineu passa a se comportar de forma cada vez mais estranha em relação à esposa Nenê (Marieta Severo), sendo que nem mesmo ao baile anual de comemoração do aniversário de namoro ele quer ir mais, e ao filho Tuco (Lúcio Mauro Filho), a quem ele expulsa de casa por vadiagem. No trabalho, o colega Mendonça (Tonico Pereira) tenta animá-lo a se engraçar com uma nova funcionária (Dira Paes), o que só lhe traz problemas. Para piorar, o retorno de um antigo interesse amoroso de Nenê (Paulo Betti) ameaça de vez seu já abalado casamento. Enquanto isso, a filha Bebel (Guta Stresser) leva o genro Agostinho (Pedro Cardoso) para fazer um exame de fertilidade, enquanto a vizinha (Andréa Beltrão) vislumbra no ex-namorado bonitão de Nenê uma chance de finalmente desencalhar.

Com uma estrutura narrativa que parece ousada de início, mostrando várias versões das conseqüências das atitudes do patriarca Lineu, o filme mantém um bom pique até mais ou menos a sua metade. O abuso do recurso torna-se, a partir de então, redundante e tedioso, alongando demais o filme e lembrando que o material, talvez, devesse ter sido mesmo confinado à redoma televisiva. Na reta final, as piadas e situações já não surtem mais o efeito desejado, enquanto o roteiro enfia os pés pelas mãos para chegar a uma resolução para toda a bagunça.

O fato da linguagem do longa conseguir se desvencilhar do estilo da TV, fazendo com que seja possível apreciar a comédia mesmo sem nunca ter assistido ao programa original, conta a favor do estabelecimento do clima de família temperamental. Esta é uma virtude que poucos trabalhos com esse perfil possuem, mas A Grande Família - O Filme é um longa que será bem mais apreciado por quem já tem algum carinho pelos personagens. Rogério Cardoso, falecido poucos meses antes da realização do longa, faz falta. Mas sua falta é parcialmente compensada pela presença de coadjuvantes hilários como o Mendonça de Tonico Pereira, ou esfuziantes como a Marilda de Andréa Beltrão. Aliás, é uma pena constatar que um mulherão como ela jamais foi aproveitado do jeito que deveria dentro do cinema brasileiro.

O esforço geral é válido. Deixa a desejar, mas pelo menos não envereda pelo desastre que quase sempre acompanha transposições da TV para o cinema.

Visto no cinema em 13-FEV, Terça-feira, sala Cinemark 5 do Shopping Iguatemi em São Paulo - Texto postado por Kollision em 20-FEV-2007