Horror Star (também conhecido pelo título original Frightmare) é mais um daqueles filmes de terror de baixo orçamento típicos que proliferaram na década de 80, do tipo que infesta a programação das madrugadas e sempre rende material para as sessões trash dos canais de TV menos afortunados. Distribuído pela fábrica de sandices chamada Troma, até que não sai do habitual em se tratando de pastiches baratos de horror. O que mais espanta é que sua idéia original é até bastante atraente, mas as asneiras que tomam conta do roteiro do meio do filme pra frente tratam de relegá-lo à categoria sempre crescente de obras terminantemente esquecíveis.
O astro do cinema de terror em fim de carreira Conrad Radzoff (Ferdy Mayne) não é flor que se cheire, mas continua a ser admirado por uma legião de fãs do gênero que o consagrou. Assim que ele bate as botas, um grupo de admiradores (entre eles a futura figurinha fácil Jeffrey Combs) tem a idéia maluca de roubar seu corpo do mausoléu e levá-lo para uma casa decrépita para passar a noite. Desesperada, sua viúva acaba recebendo a ajuda de uma médium de meia-tigela que consegue fazer contato com o defunto e ressuscitá-lo. De volta à vida, porém como uma espécie de zumbi, Conrad empreende uma carnificina com os pobres coitados que lhe tiraram da paz de seu caixão acolchoado.
Ferdy Mayne encarna nada mais nada menos que uma mistura dos ícones do horror Christopher Lee (na aparência) e Bela Lugosi (nas atitudes), dando bastante substância, mesmo que canastrona, ao seu astro definhante. Suas aparições post-mortem através de gravações em vídeo são o que há de melhor no filme, dado o aspecto bizarro de toda a situação. O que desaponta mais é a perda de qualidade súbita do longa a partir do momento em que o corpo do morto é reanimado e ele passa a perambular pela casa, desaparecendo com as vítimas como nem o grande Houdini seria capaz de fazer. Daí em diante nada mais vale a pena, nem mesmo as mortes dos adolescentes intrometidos. Decisões absurdas do roteiro, como o fato do presunto ambulante ganhar poderes mentais e pirocinéticos, enterram qualquer esperança do filme terminar como começou.
O que chama a atenção na edição em DVD da Troma é a baixíssima qualidade da transposição digital. Pensei que o volume às vezes quase inaudível da película fosse culpa de algum mau contato no meu aparelho, mas bastou procurar alguma coisa na Internet sobre o filme para constatar que a culpa é mesmo do disco. Não que seja lá uma grande perda, mas até uma cópia normal em VHS deve ser melhor que essa porcaria repassada pela distribuidora trash.
O DVD tem como extras uma introdução maluca de Lloyd Kaufman (o conhecido criador do Vingador Tóxico e da distribuidora Troma) para a edição em DVD de Frightmare, o doentio e chocante videoclipe Free Me do Goldfinger, feito em associação com a PETA TV (canal da 'People for the Ethical Treatment of the Animals'), cenas curtas de performances das lendas do horror Bela Lugosi (Black Dragons) e Christopher Lee (Horror Hotel), uma reportagem de 5 min. do próprio Kaufman falando sobre filmagem digital e o desprezo do pessoal que fez a podreira chamada Meat for Satan's Icebox pelos aspectos técnicos da arte cinematográfica (ele também atua no filme), uma espécie de curta curtíssimo chamado Radiation March, as propagandas da Troma para o site www.troma.com e para o pacote de DVDs de Make Your Own Damn Movie ("Faça você mesmo a ***** do seu filme"), além dos trailers de Screamplay e The Children.
Texto postado por Kollision em 24/Novembro/2005