Podreira de nome extremamente sugestivo, e mais um caso de obra única na carreira de um diretor, esta cria de baixíssimo orçamento é tida como cult em alguns círculos cinéfilos. Engana-se quem pensa que está diante de mais uma história de zumbis, devido ao título do filme, e engana-se mais ainda quem espera um nível acentuado de gore. Chegando perto do padrão 'Ed Wood' de realização, a produção com certeza tem mais risos que suspense. Obviamente não intencionais, pelo menos na época de seu lançamento.
Seduzido pelo dinheiro fácil, um relutante piloto (Byron Sanders) decide conduzir em seu avião uma atriz decadente e bêbada (Rita Morley) e sua bela assistente (Barbara Wilkin), mesmo com todas as previsões de tempo ruim que assolam a região. A concretização das previsões e a pane do avião faz com que eles pousem numa ilha deserta cujo único habitante parece ser um sinistro cientista e professor de biologia marinha (Martin Kosleck). O aparecimento de uma ossada humana e cardumes inteiros de esqueletos de peixes coloca todos em alerta sobre os seres minúsculos e prateados que invadem as águas ao redor da ilha (os tais devoradores de carne). Lutando para sobreviver e encontrar uma saída do lugar em meio à tempestade, os forasteiros nem fazem idéia do plano maligno por trás das atitudes cada vez mais esquisitas do cientista.
Tecnicamente, o filme do diretor Jack Curtis é de uma pobreza de dar dó. Contando com praticamente somente um cenário durante quase todo o filme (praia, areia, tenda, praia, areia, tenda), a produção teve ainda que se contentar com efeitos especiais de última categoria, provavelmente o motivo da presença das criaturas devoradoras de carne ser tão ínfima até o quarto final da película. As limitações dramáticas do elenco, principalmente da dupla mais jovem, só não são piores que as restrições de enquadramento que transformam cenas que deveriam ser carregadas de suspense em montagens ridículas para um longa-metragem. Para piorar, o diretor alterna tomadas exteriores feitas durante o dia com internas visivelmente filmadas à noite, confundindo a platéia ainda mais que uns dois grandes buracos intermediários do roteiro maluco.
Deixando de lado os absurdos que muitas vezes fazem o charme de filmes desse tipo, é possível ver algo de qualidade na caracterização do cientista louco feito por Martin Kosleck. Uma curiosidade interessante sobre o longa, contam as línguas mais entendidas no assunto, é o modo como foram obtidos os efeitos brilhantes das criaturas, através do processo artesanal de laceração da película de filme! O final absurdamente fora dos eixos e o derradeiro destino do cientista chegam a valer toda a pasmaceira da história, meio que justificando a sua aura de cult obtida ao longo dos anos. Outro aspecto positivo é a atmosfera bizarra e a sensação de isolamento provocada pelo filme, associada a uma certa paranóia sobre as conseqüências das experiências nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A área de extras do DVD vem com um trailer, teaser, quatro minutos de uma seqüência excluída que mostra um pouco mais do passado negro do cientista e algumas cenas de bastidores desta mesma seqüência.
Texto postado por Kollision em 12/Novembro/2005