Baseado num livro de sucesso publicado alguns anos antes, O Paciente Inglês foi o grande vencedor do Oscar em 1997, angariando nada menos que 9 estatuetas, dentre elas a de melhor filme e melhor diretor. Filmado em belas locações na África e na Europa, conta a história de um romance em meio ao turbulento período da Segunda Guerra Mundial.
Após ser abatido em seu avião durante a guerra, o misterioso conde de Almásy (Ralph Fiennes) é salvo da morte mas fica marcado para sempre por horríveis e irrecuperáveis queimaduras. Aparentemente amnésico e identificado apenas como 'o paciente inglês', o destino termina por jogá-lo em meio a um destacamento que atravessa a Europa. Após sofrer várias perdas de guerra, a enfermeira Hana (Juliette Binoche) decide cuidar pessoalmente do debilitado Almásy, instalando-se com ele num mosteiro abandonado na Itália. A história alterna-se então entre o relacionamento médico-paciente e os flashbacks que Almasy tem de seu passado na África antes da guerra, cada vez mais preenchidos pela figura da bela Katherine Clifton (Kristin Scott Thomas). Porém, a chegada de um estranho canadense de nome italiano (Willem Dafoe) ao mosteiro compartilhado por Hana e Almásy enche o ar de uma tensão que pode ou não estar relacionada ao passado do enigmático paciente inglês.
O vislumbre de uma mulher loira dentro do avião de Almásy, logo no começo do filme, é um excelente gancho que prende a imaginação do espectador durante todo o resto da longa e às vezes arrastada projeção de O Paciente Inglês. A condução inicial da história propositalmente dá a entender que o desfigurado conde pode de fato vir a ter algo com sua dedicada enfermeira, pelo menos até o instante em que Kristin Scott Thomas entra em cena. É quase óbvio que, a partir desse momento, tudo o que é mostrado como tempo presente perde um pouco a importância, e toda a trama paralela envolvendo a enfermeira Hana e o capitão indiano feito por Naveen Andrews, apesar de leve e bem-vinda, soa desconfortavelmente deslocada dentro do filme. Por outro lado, nesta linha temporal há ao menos um grande momento de tensão, quando Andrews precisa desarmar uma bomba prestes a explodir.
Há um interessante exemplo de pontos positivos conflitantes neste filme, que mostra-se algo enfadonho em sua primeira hora mas consegue uma espiral ascendente de genuína emoção em seus momentos finais. Ralph Fiennes é bom ator, mas sua fisionomia fechada e carrancuda não inspira uma mínima empatia inicial pelo misterioso paciente. Seu romance politicamente incorreto com a bela Katherine demora a levantar vôo, não por um desenvolvimento mal-feito, mas pelo ritmo lento demais, entrecortado pelas idas e vindas dos flashbacks. Kristin Scott Thomas está estonteante e traz uma vitalidade essencial ao longa, enquanto Juliette Binoche não tem muito a acrescentar em seu papel coadjuvante (que lhe rendeu o Oscar da categoria, por sinal). Ainda bem que a irregularidade é deixada de lado no final, realmente um dos melhores dos últimos anos em se tratando de um romance.
Na seção de extras é possível encontrar vários artigos sobre o filme em formato texto, além de biografias dos atores e da equipe técnica e do obrigatório trailer de cinema.
Texto postado por Kollision em 30/Maio/2005