Cinema

Drácula contra Frankenstein

Dracula contra Frankenstein
Título original: Drácula contra Frankenstein
Ano: 1972
País: Espanha, França
Duração: 82 min.
Gênero: Terror
Diretor: Jesus Franco (La Maldición de Frankenstein, Le Journal Intime d'une Nymphomane, Une Vierge chez les Morts Vivants)
Trilha Sonora: Bruno Nicolai, Daniel White (Miss Muerte)
Elenco: Dennis Price, Howard Vernon, Fernando Bilbao, Alberto Dalbés, Geneviève Robert, Paca Gabaldón, Britt Nichols, Luis Barboo, Josyane Gibert, Anne Libert, Eduarda Pimenta, Daniel White, Antonio de Cabo
Distribuidora do DVD: Image Entertainment
Avaliação: 1

Visto em DVD em 15-FEV-2007, Quinta-feira - Texto postado por Kollision em 21-FEV-2007

É incrível como certos cineastas transcendem o próprio modo de possuem de fazer cinema e são capazes de entregar pérolas da incongruência, do inconformismo e da desconstrução estética. Muitas pessoas são capazes de ver qualidades em obras que se enquadram na categoria, enumerando inúmeros motivos que só eles mesmos conseguem enxergar. Eu, aqui do outro lado da cerca, com certeza tenho os meus para declarar que essa é uma das piores coisas já feitas com os pobres monstros sagrados do gênero. Um atentado narrativo que tortura o espectador, principalmente aquele não acostumado à distopia de Jesus Franco, com um espetáculo quase mudo, boçal, quase retardado.

Drácula (Howard Vernon) passa por maus bocados e é exterminado com a boa e velha estaca de madeira pelo dr. Seward (Alberto Dalbés) em seu castelo na Transilvânia. Quem se instala logo depois na propriedade é o cientista Rainer von Frankenstein (Dennis Price), que está no processo de formar uma horda de mortos-vivos e vampiros com os objetivos maquiavélicos de sempre. Ele dá um jeito de reviver Drácula e colocá-lo sob sua influência, iniciando uma onda de abdução de belas mulheres para seus experimentos malignos, com a ajuda do monstro que criou (Fernando Bilbao) e de seu assistente corcunda (Luis Barboo). E o dr. Seward novamente parte para combater o mal quando uma de suas belas pacientes (Paca Gabaldón) cai nas garras dos malfeitores.

Não, a história não é tão preto no branco quanto o parágrafo acima leva a crer. É preciso juntar cautelosamente as peças do mosaico desconjuntado do filme, que tem pouquíssimos diálogos e não se preocupa muito em estabelecer pontos de referência básicos para facilitar o entendimento da platéia. Não fosse a realização tão desleixada, o resultado poderia ser bem diferente. O abuso de zooms aleatórios e de uma movimentação "engasgada" da câmera chegam a irritar em determinadas passagens, mas estas são características recorrentes dentro da filmografia de Franco na década de 70, e não devem ser avaliadas isoladamente. É a ânsia que o diretor tinha de fazer o maior número possível de filmes que joga a qualidade artística do material lá pra baixo, o que neste caso beira o mais contundente insulto à inteligência do espectador.

Coisas extremamente toscas do roteiro e da cenografia: o dr. Frankenstein é burro, mas tão burro, que esquece de olhar um dos caixões que estão no porão do castelo, e só se preocupa em reviver Drácula; nesse caixão extra repousa uma vampirona loira arrasa-quarteirão que não faz nada decente o filme inteiro; e há uma tomada 2P+T impossível de não ser vista adornando a parede sobre o seu caixão!

O que sobra então que possa justificar a sessão, mesmo para os mais fanáticos entusiastas da filmografia do diretor espanhol? Talvez a cena em que um morcego de verdade é afogado em sangue (com aquela cor só pode ser suco de framboesa) dentro de uma jarra, sangue este drenado da atriz Josyane Gibert, uma das beldades que compõem o elenco e são sumariamente desperdiçadas em cena. Tanto ela quanto a paciente do dr. Seward, a vampira-mor e a cigana que invoca o Lobisomem (sim, você não leu errado – o pobre monstro também aparece para pagar mico) são dotadas de uma beleza que, se capturada em toda sua glória (leia-se: com pouca ou nenhuma roupa), teria pelo menos tornado Drácula contra Frankenstein uma pequena gema de um horror mais marginal, semi-erótico, que o próprio Franco já realizara com muito mais qualidade em trabalhos anteriores.

Para completar a mediocridade do conjunto, o DVD da Image Entertainment de Região 1 não traz um extra sequer. O filme propriamente dito vem com áudio original em espanhol e legendas em inglês.