Visto em DVD em 3-ABR-2011, Domingo
Dona Flor e Seus Dois Maridos, baseado em obra de Jorge Amado, é historicamente um dos maiores sucessos do cinema brasileiro de todos os tempos. Foi isso o que me levou a vê-lo, mas infelizmente tenho que dizer que a fama é excessiva para um filme tão comum e, hoje, terrivelmente datado. Comédias correm o risco de envelhecerem mais facilmente que dramas, e isso é agravado no caso da história de dona Florípedes (Sonia Braga), que carece de uma representação mais fluida para o senso de humor engessado do roteiro. Devastada após a morte súbita do marido incorrivigelmente bêbado, mulherengo e viciado em jogo (José Wilker), ela finalmente acredita ter encontrado um porto seguro no austero e sistemático dono da farmácia (Mauro Mendonça). O problema é que este último é um completo banana, ou seja, exatamente o oposto do primeiro. O potencial era virtualmente inesgotável, mas as situações mostradas são conduzidas de modo formulaico e sem qualquer senso de coesão narrativa, resultando numa caracterização debilóide para ambos os homens da trama. José Wilker é irritante e nunca consegue inspirar a empatia esperada, enquanto Mauro Mendonça protagoniza um tipo que provavelmente o marcou como um bosta pelo resto da carreira. As risadas são praticamente inexistentes, e a voluptuosidade de Sônia Braga não chega a incendiar a tela porque a câmera de Bruno Barreto não deixa. Uma decepção.
Os extras da edição simples do DVD consistem de biografias do elenco e da equipe técnica, uma galeria de fotos, trailer e um making-of da época com duração de 8 minutos.