Cinema

Coisas Belas e Sujas

Coisas Belas e Sujas
Título original: Dirty Pretty Things
Ano: 2002
País: Inglaterra
Duração: 97 min.
Gênero: Drama
Diretor: Stephen Frears (Os Imorais, Sra. Henderson Apresenta, A Rainha)
Trilha Sonora: Nathan Larson
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Audrey Tautou, Sergi López, Benedict Wong, Sophie Okonedo, Zlatko Buric, Kenan Hudaverdi, Damon Younger, Paul Bhattacharjee, Darrell D'Silva, Sotigui Kouyaté, Abi Gouhad, Rita Hamill, Ron Stenner
Distribuidora do DVD: Imagem Filmes
Avaliação: 8

De acordo com Coisas Belas e Sujas, Londres, como uma das cidades mais famosas do mundo, é um alvo ambulante não somente para turistas em férias, mas também para imigrantes legais e ilegais que procuram uma vida melhor fora de seus países de origem. A abordagem do filme é conduzida sob o ponto de vista da plebe, num trabalho de peso indicado ao Oscar de melhor roteiro original.

Todo o material de divulgação da produção, do trailer aos pôsteres, dão a entender que a personagem principal é feita por Audrey Tautou, alçada à fama mundial após o sucesso de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (Jeunet, 2001). A verdade é que o drama suburbano tem um protagonista masculino, o imigrante ilegal Okwe (Chiwetel Ejiofor), que trabalha como taxista durante o dia e recepcionista de um hotel de luxo à noite. Ele aluga um sofá no apartamento da imigrante asilada turca Senay (Tautou), que trabalha no mesmo hotel e freqüentemente tem que fugir dos agentes da imigração por estar empregada ilegalmente. A rotina de sobrevivência e sonhos de ambos é alterada quando Okwe encontra um coração humano num dos apartamentos do hotel, o que dá início a uma investigação que envereda pelo submundo do tráfico de órgãos e atinge sua realidade de forma brutal.

O interesse pelo filme está diretamente associado ao mistério envolvendo o personagem de Chiwetel Ejiofor, na verdade alguém que é (ou foi) muito mais do que aparenta ser. Sua integridade e seu caráter são o ponto primordial de um roteiro que não se apressa em jogar os personagens dentro do conflito, cujo pivô é a turca Senay. Enquanto sua vida é virada de pernas para o ar devido à amizade com o imigrante africano, ela segue um caminho certo em direção ao fundo do poço, marcado por passagens desesperadoras e o surgimento de uma improvável conexão amorosa com o amigo. Isso é o que faz do filme algo mais além de um drama sobre pessoas em dificuldades, além do aspecto bem construído de suspense.

Uma das questões que a obra de Stephen Frears levanta é bem colocada pelo gerente do hotel (Sergi López), o intermediador da venda de órgãos que tenta inserir o relutante Okwe dentro de seu processo. Até que ponto o tráfico de órgãos é um mal, se uma vida pode ser salva e tanto o vendedor quanto o receptor saem felizes nessa transação? A resposta vem um pouco mais adiante, mas a controvérsia e o modo como gente como os personagens deste filme podem encará-la com certeza permanecem. É claro que o sonho ideal de muita gente que procura uma nova vida ainda é os Estados Unidos. Isso é mencionado com propriedade por Senay (o primeiro papel em língua inglesa da francesa Audrey Tautou) e é triste perceber, de acordo com a visão do filme, que há gente que faz praticamente qualquer coisa para conseguir tal proeza.

No pacote de extras há biografias curtas dos dois protagonistas e do diretor, entrevistas com os mesmos, o produtor e demais membros do elenco, uma galeria de fotos e, além do trailer do filme, também os trailers de Adeus, Lênin!, O Outro Lado da Cama, Possuída 2 - Força Incontrolável, Sylvia - Paixão Além das Palavras, Geração Roubada, Crime Sem Memória e Alienados do Espaço.

Texto postado por Kollision em 7/Novembro/2005