Visto no cinema em 21-ABR-2015, Terça-feira, sala Cinemark 5 do Shopping Goiabeiras
Para aqueles que assistiram, é quase inevitável não imaginar que Chappie se passa praticamente na mesma realidade do fantástico Distrito 9, primeiro longa-metragem do diretor sul-africano Neill Blomkamp. Só por se passar em Johannesburgo ao invés de alguma metrópole norteamericana o filme já ganharia pontos comigo, mas felizmente o que vemos em cena é mais um conto fantástico de ficção científica carregado de crítica social. Num futuro próximo, a polícia da capital sul-africana passa a contar com robôs avançados para conter a onda de crimes que ameaça consumir a sociedade, graças a um gênio da robótica (Dev Patel) que está prestes a ativar seu primeiro programa de inteligência artificial. Infelizmente, uma série de coincidências provocadas por um bando de marginais acaba por forçá-lo a inserir o programa num robô rejeitado batizado de Chappie (performance e voz de Sharlto Copley), enquanto outro cientista de propósitos nada ortodoxos (Hugh Jackman) se mexe para levar sua própria ideia de uma polícia robotizada adiante. Após "nascer", Chappie se vê imerso num mundo muito mais caótico do que qualquer ser humano poderia esperar, e uma das perguntas que o filme faz é: será ele capaz de desenvolver sua recém-adquirida personalidade para o bem ou para o mal? Além de propor um debate forte sobre o eterno conflito entre criador × criatura, Chappie coloca em cena a mais improvável galeria de personagens possível, que em sua execução é pontuada por arroubos do que há de melhor na ficção científica moderna. Os efeitos especiais são de primeira linha, enquanto as atuações podem soar caóticas graças ao caldeirão de origens. O casal de bandidos feito pelos integrantes da banda Die Antwoord, por exemplo, é ao mesmo tempo asqueroso, patético e imprevisível, e chega a ser engraçado ver Patel e Jackman como inimigos. No mais, ótima trilha sonora de Hans Zimmer, prólogo desnecessário e desfecho incendiário.