Cinema

Era uma Vez no Oeste

Era uma Vez no Oeste
Título original: C'era una volta il West
Ano: 1968
País: Estados Unidos, Itália
Duração: 165 min.
Gênero: Western
Diretor: Sergio Leone
Trilha Sonora: Ennio Morricone (O Álibi [1969], Numa Noite Num Jantar, La Moglie più Bella)
Elenco: Henry Fonda, Claudia Cardinale, Jason Robards, Charles Bronson, Gabriele Ferzetti, Paolo Stoppa, Woody Strode, Jack Elam, Keenan Wynn, Frank Wolff, Lionel Stander
Distribuidora do DVD: Paramount Pictures
Avaliação: 10
"O ritmo do filme pretendeu criar a sensação dos últimos suspiros que uma pessoa exala antes de morrer. Era uma Vez no Oeste é, do começo ao fim, uma dança da morte. Todos os personagens do filme, exceto Claudia (Cardinale) têm consciência de que não chegarão vivos ao final."

Este é um rápido resumo feito pelo próprio diretor do filme, Sergio Leone, estampado na capa do DVD duplo lançado pela Paramount. Não pelo fato de ter sido proferido pelo realizador do filme, cada palavra é verdade. Desde a cena inicial, carregada de uma tensão apregoada por uma cinematografia impecável, até a cena final, uma das mais memoráveis da história do cinema, as palavras de Leone se justificam.

Várias linhas narrativas são inicialmente mostradas, e todas virão a convergir numa história de morte e vingança. Um misterioso homem (Charles Bronson) enfrenta três bandidos ao descer numa estação de trem. Um pai de família prestes a receber sua recém-chegada esposa de New Orleans (Claudia Cardinale) é assassinado, junto com todos os seus filhos, por uma gangue liderada pelo fora-da-lei Frank (Henry Fonda). E, mais adiante, um fugitivo (Jason Robards) procura abrigo e um meio de se livrar dos grilhões num bar. Todos estes personagens têm ou terão algo em comum, participando de uma saga emocionante sobre os derradeiros momentos do velho oeste americano.

Tudo neste filme é soberbo. Imagens belíssimas, seqüências antológicas, diálogos afiados, personagens bem construídos e interpretações sinceras. Depois que as histórias de cada personagem principal se cruzam, num show narrativo raramente igualado em filmes do gênero, o que se vê é um espetáculo cinematográfico. Interessante notar que o estilo do filme foge da estrutura clássica do western, com uma narrativa lenta, estilosa e com ângulos de câmera meditativos e ousados. Mérito de Sergio Leone, cuja índole perfeccionista criou um filme tido por uns como uma ópera do western (aí entra a colaboração sublime do compositor Ennio Morricone) e por outros como o único clássico verdadeiro do gênero. É coerente dizer que ambas as afirmações são verdadeiras, já que todos os ingredientes do western são aqui dosados de forma sublime. O nível de suspense, por exemplo, vai aumentando gradativamente até um desfecho clássico, onde apenas um dos duelistas sairá com vida. Todo o elenco está excelente, mas Charles Bronson é o que mais se sobressai, no papel do estranho tocador de gaita que também é um exímio atirador.

O trabalho de restauração do filme na versão em DVD da Paramount ficou impecável, mas infelizmente o disco não traz o áudio original em italiano, o que pode decepcionar fãs mais ardorosos dos trabalhos de Leone. O disco duplo traz ainda três documentários de até 30 min. sobre a produção, com comentários de Claudia Cardinale, Gabriele Ferzetti e dos diretores Bernardo Bertolucci, John Milius, John Carpenter e Alex Cox. Completam o pacote um featurette de 6 min. sobre a história do nascimento das ferrovias no oeste dos Estados Unidos, trailer, biografias dos atores principais e galerias de fotos da produção e das locações, esta última comparando fotos da época com fotos atuais.

Texto postado por Kollision em 12/Agosto/2004