Visto no cinema em 27-MAI-2007, Domingo, no 14º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, sala 8 do Multiplex Pantanal
Da falta de perspectivas e da inércia destrutiva que marcam a rotina do tradutor Ciro (Júlio Andrade) fica quase impossível acreditar que uma beldade como Marcela (Tainá Müller) possa fazer parte. A impossibilidade de tal relacionamento, inicialmente rechaçado por ele (de forma silenciosa e conivente) e cegamente cultivado por ela é uma dúvida que os autores-diretores fazem questão de trabalhar de forma intimista, contemplativa e um pouco incômoda. Até que ponto a influência de alguém é capaz de colocar uma pessoa catatônica em movimento? Que garantia existe para uma felicidade vividamente ilusória, que para se concretizar precisa flertar com a aniquilação completa? O paralelo entre o drama do eterno adolescente e a presença tolerada do cão que não tem nome mescla-se a reflexões diversas sobre o vazio existencial e sobre a importância de família e amigos, numa crônica sólida com ótimas interpretações, baseada em relato originado de um blog e filmada sem firulas.