Cinema

Efeito Borboleta 2

Efeito Borboleta 2
Título original: The Butterfly Effect 2
Ano: 2006
País: Estados Unidos
Duração: 92 min.
Gênero: Suspense
Diretor: John R. Leonetti (Annabelle, O Perigo Bate à Porta, 7 Desejos)
Trilha Sonora: Michael Suby (Efeito Borboleta)
Elenco: Eric Lively, Erica Durance, Dustin Milligan, David Lewis, Gina Holden, Andrew Airlie, Chris Gauthier, Susan Hogan, JR Bourne, Lindsay Maxwell, Zoran Vukelic, Jerry Wasserman, John Mann
Avaliação: 1

Para se apropriar de uma boa idéia, processá-la, deturpá-la, refazê-la e cuspir a carcaça depois de reciclá-la vergonhosamente não basta muito. Pelo menos é o que alguns executivos da New Line ainda pensam. Para se ter uma idéia do que estou falando, não é preciso nada além de uma sessão de Efeito Borboleta 2, seqüência de um dos melhores filmes pequenos dos últimos anos, para vislumbrar o que a ganância e a cegueira de executivos retardados é capaz de parir dentro do pasteurizadíssimo mercado cinematográfico americano. A distância qualitativa entre um filme e o outro é tamanha que chega a dar pena. A pobreza narrativa da parte 2 é tão evidente que, mesmo com muita boa vontade, é quase impossível enxergar algo que poderia vir a prestar caso o contexto fosse diferente.

No lugar de um desenvolvimento bacana de personagens, um dos pontos mais fortes do primeiro longa, temos a introdução seca de um protagonista sem carisma e evidentemente sacana, acompanhado por um grupo de coadjuvantes que flutuam na trama como merda seca flutua sobre água parada. Pelo menos tiveram a decência de não estabelecer vínculo significativo com os personagens originais – o único vislumbre remete porcamente ao pai de Evan, o protagonista anterior – o que possibilita que outro eventual reaproveitamento da idéia possa desconsiderar por completo a história abobalhada e repetitiva de Efeito Borboleta 2.

Nela, o executivo de vendas Nick (Eric Lively) sai com a namorada Julie (Erica Durance) para um passeio no campo com mais um casal de amigos. Na volta para casa, um pneu furado acaba provocando um desastre e matando a todos menos ele próprio. Um ano depois, num momento de auto-piedade e depressão, Nick consegue enviar sua consciência de volta ao passado, mais precisamente antes do acidente fatal, apenas se concentrando na imagem de uma fotografia tirada na época. Ao influir nos eventos passados, seu presente se altera completamente. Só que ele não pára aí, e mais e mais mudanças vêm com sua manipulação mental do fluxo temporal.

Em absolutamente nenhum momento o diretor consegue fazer seu filme sair da sombra do trabalho original. Tirando a sutileza e a eficiência do roteiro do primeiro longa, tudo não passa de um repeteco onde o personagem principal roda em círculos tentando tirar proveito das situações em prol de si mesmo, já que consertar o traumático evento do passado é essencialmente um acidente de percurso. O cara chega ao cúmulo de querer fugir de sua própria incompetência sacaneando um colega de trabalho, numa das várias seqüências nebulosamente mal-feitas do filme. Ajuda para a canalhice o fato de Eric Lively ser tão carente de carisma quanto um Josh Lucas. Para tentar compensar a bagunça, colocaram no caminho duas cenas calientes feitas para tentar acordar a platéia. Ainda que sem nudez alguma, dá para ver que a saúde das duas moças é a única coisa boa que existe em todo o filme.

Mas o pior de tudo mesmo é o final, que coroa o festival de salgados requentados com um dos desfechos mais abruptos e mal filmados de toda a história do cinema contemporâneo. Quem conseguir entender direito o que o tal Nick apronta ganha um prêmio!

Visto no cinema em 22-NOV, Quarta-feira, sala 7 do Multiplex Pantanal - Texto postado por Kollision em 26-NOV-2006