Visto em DVD em 11-JAN-2009, Domingo
Que um cineasta consiga infundir energia e vivacidade a um melodrama clássico e suburbano como este é uma amostra clara da aptidão cinematográfica do mexicano Luis Buñuel. O protagonista de O Bruto é tal qual o título, um brutamontes (Pedro Armendáriz) que mantém uma relação paternal com um empresário inescrupuloso (Andrés Soler) e por ele é encarregado de intimidar os moradores de um vilarejo que se recusam a abandonar o local. A tragédia fica por conta da afeição que o bruto passa a demonstrar pela filha do homem que ele deve eliminar. Armendáriz está bem como o personagem-título, mas é a presença de Katy Jurado, como a perigosa e jovem esposa do empresário, que torna o filme memorável de verdade. Seguindo uma linha similar à do superior Os Esquecidos, este filme menor, direto ao ponto e sem qualquer insinuação de surrealismo (com exceção talvez do galo na tomada que encerra o filme) mostra-se bastante movimentado, com relances interessantes da genialidade técnica de Buñuel. Uma cena fantástica é o momento em que a criatura se revolta contra o criador, numa cena que por debaixo da mesa nos dá uma idéia da violência que ocorre fora do frame. Quem sabe faz, quem não sabe dirige telenovelas disfarçadas de filmes.
O DVD só tem como extra uma biografia curta de Luis Buñuel.