Visto no cinema em 8-MAR-2015, Domingo, sala Cinemark 4 do Shopping Goiabeiras
Antes de ser laureado com o Oscar de melhor filme e melhor diretor, Birdman já havia sido contemplado com inúmeras honras no meio cinematográfico. Nenhuma delas, no entanto, serve de indicativo para quão original, crítico e engraçado é o longa, que também representa uma bem-vinda reviravolta na filmografia pesada do mexicano Alejandro González Iñárritu. Realizado com extremo zelo e concebido como uma única grande cena (há cortes, obviamente, mas estes são mascarados pelo trabalho de edição correta), o filme promove um embate interessantíssimo entre o cinema de entretenimento e o teatro na figura de um ator em fim de carreira (Michael Keaton) marcado por ter protagonizado em sua juventude um famoso super-heroi do cinema e resoluto em dirigir uma peça de teatro adaptada por ele mesmo para a Broadway. Como se não bastassem seus próprios fantasmas pessoais, ele se vê constantemente à mercê do julgamento de várias pessoas ao redor, como a filha ex-drogada (Emma Stone) e o egocêntrico ator principal em sua peça (Edward Norton). Além de ser coroado por atuações excelentes, em especial dos três membros do elenco mencionados neste breve texto, Birdman se mostra fantástico na fotografia, na cenografia e na ousadia com que Iñárritu utiliza recursos como trilha sonora e efeitos especiais. A cereja no topo do bolo são as insinuações constantes quanto aos presumidos superpoderes do protagonista e a surrealidade que irrompe durante várias cenas-chave. O resultado é de encher tanto os olhos quanto a mente.