Cinema

Instinto Selvagem

Instinto Selvagem
Título original: Basic Instinct
Ano: 1992
País: Estados Unidos, França
Duração: 123 min.
Gênero: Suspense
Diretor: Paul Verhoeven (Showgirls, Tropas Estelares, O Homem Sem Sombra)
Trilha Sonora: Jerry Goldsmith (Um Peixe Fora d'Água, Eternamente Jovem, As Barreiras do Amor)
Elenco: Michael Douglas, Sharon Stone, George Dzundza, Jeanne Tripplehorn, Denis Arndt, Leilani Sarelle, Bruce A. Young, Chelcie Ross, Dorothy Malone, Wayne Knight, Daniel von Bargen, Stephen Tobolowsky, Benjamin Mouton, Jack McGee, Bill Cable, Stephen Rowe, Mitch Pileggi, Mary Pat Gleason, Freda Foh Shen
Distribuidora do DVD: Universal
Avaliação: 7

O arquétipo do homem seduzido por mulheres fatais, pelo menos no cinema contemporâneo, recai sobre os ombros do ator Michael Douglas, o protagonista dos distintos mas sempre com alguma fagulha de polêmica Atração Fatal (Adrian Lyne, 1987), Instinto Selvagem e Assédio Sexual (Barry Levinson, 1994). Os dois primeiros possuem uma temática mais parecida, pois são em sua essência thrillers cujo elemento crucial é uma mulher psicopata. O terceiro traz uma ameaça menos violenta, mas nem por isso menos grave. Instinto Selvagem, no entanto, foi para sempre marcado pela revelação tardia de uma sex symbol moderna, a loira fatal Sharon Stone, que antes parecia estar condenada a estrelar filmes B e ser eternamente conhecida como a coadjuvante de Richard Chamberlain nos episódios de ação toscos da série de Allan Quartermain.

Douglas é aqui um detetive da divisão de homicídios de San Francisco, que é chamado para investigar o caso de um antigo astro do rock assassinado brutalmente com um picador de gelo. A principal suspeita é a namorada do morto (Sharon Stone), bela psicóloga e escritora de romances policiais cujo último livro descrevia o assassinato exatamente como ele foi cometido. Independente, rica, bissexual, manipuladora e atrevida, ela logo arrasta o detetive num jogo de sedução, sexo e intrigas que coloca em risco tanto sua carreira policial quanto sua própria vida.

99% das pessoas que ainda não assistiram ao filme conhecem-no apenas por sua cena mais famosa: a cruzada de pernas de Sharon Stone. A atriz, sem calcinha nesta cena, foi instantaneamente alçada à categoria de símbolo sexual e experimentou uma guinada de 180 graus em sua carreira. Muitas outras cenas envolvendo erotismo, bem mais tórridas por sinal, estão espalhadas ao longo da película, algumas com a moça aparecendo em todo seu esplendor físico na tela. Não deixa de ser uma pena que o filme em si, e a atuação de Stone, sejam lembrados por alguns míseros segundos filmados numa sala fechada. É irônico também que apenas a partir deste filme ela tenha sido reconhecida em todo o mundo como algo além de um rosto bonito.

Instinto Selvagem é tecnicamente bom, com um elenco principal bem aproveitado e construção interessante de personagens. Jeanne Tripplehorn, como a psicóloga da polícia envolvida com o detetive de Douglas, também está muito bem em cena. As situações ambíguas e a teia tecida pelo roteiro nunca deixam claro quais são os motivos dos prováveis suspeitos, desenvolvendo, quebrando e mantendo o suspense com relativa eficiência até o desfecho do filme. O tal 'instinto' selvagem do detetive, aguçado como um formigueiro pela psicóloga fatal de Sharon Stone, novamente ajuda a dar uma idéia de quanto estrago uma mulher bonita pode fazer na vida de um homem. A trilha do veterano Jerry Goldsmith adiciona um toque de classe e ajuda Paul Verhoeven a compor uma obra razoavelmente intrigante, à qual não é feita a devida justiça por ela ser às vezes lembrada somente como 'aquele filme com a cena da xoxota da Sharon Stone'.

A edição em DVD da película, infelizmente, não contém um extra sequer.

Texto postado por Kollision em 21/Fevereiro/2005