Cinema

O Artista

O Artista
Título original: The Artist
Ano: 2011
País: Bélgica, França
Duração: 100 min.
Gênero: Drama
Diretor: Michel Hazanavicius (Agente 117 - Uma Aventura no Cairo, Agente 117 - Rio Não Responde Mais)
Trilha Sonora: Ludovic Bource
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller, Missi Pyle, Beth Grant, Ed Lauter, Joel Murray, Bitsie Tulloch, Ken Davitian, Malcolm McDowell, Basil Hoffman, Nina Siemaszko
Avaliação: 8/10

Visto no cinema em 21-FEV-2012, Terça-feira, sala 4 do Cine Tam do Shopping Morumbi

O Artista é, pura e simplesmente, motivo de celebração por representar um breve renascimento do cinema mudo em plena era digital. Predominantemente retrô, ou seja, consistindo basicamente de imagens em preto e branco, trilha incidental e cartões de texto que comunicam diálogos, o filme é um deleite saudosista e consideravelmente épico, já que usa como pano de fundo o ocaso do cinema mudo diante do surgimento do cinema falado no final da década de 20. O personagem central é um ator de imenso sucesso em filmes mudos (Jean Dujardin) que não consegue se adaptar à evolução do meio provocada pelo surgimento do som. Ao mesmo tempo em que sua fama se esvai uma fã (Bérénice Bejo), que por um improvável capricho do destino se torna atriz, começa a fazer uma carreira de sucesso meteórico no cinema de sons e diálogos. Com um roteiro simples porém encantador em suas sutilezas, O Artista fala com com intensidade e em vários níveis a todos que de alguma forma apreciam o cinema mudo. A reconstituição de época é primorosa, dos cenários às técnicas de filmagem aplicadas ao próprio longa, e graças à epoca em que vivemos o diretor se dá ao luxo de incorporar nuances modernas à mixagem de som (vide a cena de pesadelo vivida pelo protagonista). Essencialmente uma história com arco bastante convencional, o roteiro transita com absoluta elegância entre a comédia e o drama, fugindo dos clichês e colocando um franco sorriso no rosto da plateia. O mérito maior é de Jean Dujardin, mas os coadjuvantes também brilham - o cachorro que acompanha o ator em boa parte das cenas é um deles.

Para muitas pessoas O Artista é uma experiência absolutamente nova, mas para cinéfilos macacos velhos como eu o que fica mesmo é a nostalgia em relação a uma época que nem mesmo vivi. Que algo assim possa existir no cinema atual é nada menos que um milagre.