Revisto via Netflix em 19-NOV-2013, Terça-feira
Muito antes de Tom Cruise e Cameron Crowe fazerem Vanilla Sky houve Preso na Escuridão, filme fantástico que lhe serviu de molde. Segundo trabalho de Alejandro Amenábar, o longa se desenrola sob a forma de uma espiral de loucura em torno de um bon-vivant (Eduardo Noriega) que há até pouco tempo vivia cercado de dinheiro e mulheres. Já na cadeia e com o rosto terrivelmente desfigurado, ele recapitula com seu psiquiatra os eventos que o conduziram até ali, desde seu fascínio pela belíssima companhia (Penélope Cruz) de seu melhor amigo (Fele Martínez) até o acidente provocado por uma amante insatisfeita (Najwa Nimri). O suspense de natureza etérea que permeia todo o filme não é por acaso, pois mais tarde a história envereda por meandros nada ortodoxos. É aí que reside o fascínio provocado por Preso na Escuridão, um trabalho que tramita entre o romance, a tragédia, a dúvida e a ficção científica (sim!) com uma maestria pouco vista, que não por acaso colocou Amenábar de vez no circuito dos jovens diretores mais promissores dos últimos anos. Além de entreter e prender a atenção do espectador, o filme provoca discussões e não se faz de rogado ao terminar com um desfecho aberto a múltiplas interpretações, apesar da explicação consideravelmente simples dada ao mistério do protagonista. Não estamos falando de nenhum David Lynch, mas sim de algo tão valioso quanto.