Exemplar da sempre onipresente categoria de comédias adolescentes, 10 Coisas que Eu Odeio em Você aportou nos cinemas em 1999 para colocar o nome de Heath Ledger no mapa e pavimentar a carreira bonitinha de Julia Stiles. Com os clichês de sempre, trazia uma história meio que baseada em A Megera Domada, de William Shakespeare, adaptada para a realidade estereotipada de uma escola secundária americana.
Ledger é o bad boy da escola. Coisas tenebrosas são pronunciadas a seu respeito nos corredores. Julia Stiles é uma formanda avessa a badalações, cáustica e agressiva em relação aos costumes estudantis de seu meio. Enfim, uma excluída. Mas ela tem uma irmã mais nova que é o oposto de si (Larisa Oleynik), extrovertida e festeira, que torna-se alvo da cobiça de dois rapazes também opostos um do outro (Joseph Gordon-Levitt e Andrew Keegan). Os dois envolverão Ledger num jogo arriscado, pagando-o para sair com a megera Stiles, pois só assim eles terão uma chance com a irmãzinha mais nova que, por proibição do pai careta, não pode sair para a balada enquanto a irmã mais velha não sair.
As confusões armadas em torno das irmãs antagônicas rendem momentos engraçados, tudo feito de acordo com a velha cartilha dos clichês de filmes adolescentes. Garoto se derrete com o beijo da garota, um belo sorriso derrete o coração da gatinha relutante, almas perdidas se encontram em lances iluminados acompanhados por trilha sonora moderninha. Não há como negar, no entanto, que o filme é divertido e gostoso de se ver. Tem bom ritmo, o elenco é deveras carismático e o roteiro encontra espaço para desenvolver todos os personagens.
Larry Miller aparece hilário como o pai das garotas, aterrorizado com o fato das filhas estarem crescidas e voltarem para casa tarde da noite. David Krumholtz, em papel totalmente forçado e algo descartável, acaba se sobressaindo com a sua cara característica de idiota. Isso mais do que compensa as pequenas falhas da história, que de repente se esquece de mostrar o amigo punk de Heath Ledger, estereotipa demais os adolescentes ou às vezes envereda por trechos descartáveis de pieguice infantil e sentimentalóide.
A trilha sonora contém coisas bem legais de bandas que estavam em evidência na época, como Semisonic, Letters to Cleo e Save Ferris. As duas últimas inclusive aparecem em legais participações especiais ao longo do filme. Já a edição em DVD lançada pela Buena Vista é uma pobreza só. Não tem um extra sequer, nem mesmo um mísero trailer!
Texto postado por Kollision em 12/Outubro/2004